domingo, 15 de agosto de 2010

“ Diário e uma narrativa verídica para meus netinhos - Kurt R Kiechle "



(parte I)


Em buscas de dados realizada no acervo da Hemeroteca do Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos, encontramos um texto curioso no Jornal A Cidade, que relata uma fatalidade que estava acontecendo naquela época, no mês de agosto de 1965, precisamente dia 20 de agosto. Irei transcrever o texto mantendo a fidelidade e ortografia original: " Diário e uma narrativa verídica para meus netinhos de Kurt R Kiechle. "

"Às sete horas da manhã, normalmente encaminhei-me ao banheiro e , ás 7, 15 horas ao sentar- me a mêsa para o desejum, sobressaltei- me: algo estava caindo que não era chuva. Corri a ver melhor e constatei que era neve. Corri escada acima, acordei a espôsa Hilga e as filhinhas Jacqueline( 5 anos), Ingrid (7) e Valkiria (1,5) para não perdrem o espetáculo. Dirigindo- me ao emprego na Cia de Cigarros Souza Cruz, no trajeto a neve já estava caindo com mais intensidade. Meus colegas, alvorotados com o impossível, como eu, não trabalharam praticamente neste dia, tal era o estado de animo ante o inacreditável. Às 9 horas, a neve caía com tal intensidade, em flocos tão grandes que começaram a impedir a visibilidade, proporcionando uma visão inesquecível e estupendo para nunca mais ser esquecido.O sr. G. Melchiors, logo após o início do expediente, no auge do entusiasmo, correu a buscar sua " Roley- Flex" e lá paramos nós, todo o mundo a passar nos jardins, páteo a tirar fotos coloridas, os quais nos lembrarão êsse excepcional dia em Santo Ângelo. Às 10 horas, os telhados começaram a ficar brancos, os gramados perderam sua tonalidade verde. as paisagens as apresentavam totalmente brancas. Um emissário nosso voltava cabisbaixo da cidade, não conseguira encontrar mais filmes, a população estava em delírio, na Praça Rio Branco os fotografos aproveitavam o ambiente ' Bariloche brasileiro....'
A neve aumentava de intensidade, a altura do chão também e, sem que ninguém protestasse surgiu a idéia do boneco, o qual em poucos momentos estava em pé, fumando seu cachimbo... de repente, sem declaração ou licença ' a guerra' começou, um atirava neve no outro, todos estavam loucos de alegria, tinham virado crianças novamente, inclusive eu... apenas o sr. P. Schlick teimava em não expôr seus raros cabelinhos exclamando: que desastre, que desastre para o Rio Grande na pecuária e agricultura... O sr. Aury Rodriguês- T Güther, U. Graebin descobriram a " bola de neve", rolando uma pequena bola ela aumentava aos poucos, ficando com mais de um metro de altura, quando tinham que parar por falta de força... e a "guerra" continuava... apenas o gigante A, Schmidt e o solteirão A. Cozzatti não aderiram... até que alguém deu as "costas" para êles... A Rádio santo Ângelo apelava: " A vila do Sossego" transmite um SOS pungente,o Itaquarinchim estava inundando tudo, e os flagelados aumentavam. Nelson Kothe, do Clube Atafona aderiu, doando alta quantidade em dinheiro. M.F.C.- Rotary_ Lyons- Escoteiros- Damas da caridade- L.B.A- Exército todos enfim convocavam suas classes para socorrer os flagelados. Entre o belo, existia a calamidade e urgia providência..."

Obs: Mantemos a escrita original do texto

10 comentários:

  1. Helio Kiechle Loro Orlandi20 de agosto de 2010 às 12:09

    Gostaria de ter a honra de ser o primeiro neto a deixar um comentário sobre esse texto que meu avô escreveu...com muito orgulho digo que me emocionei e lágrimas caíram de meus olhos, eu conseguir sentir o que meu avô sentiu naquele dia tão espetacular que ele viveu.

    Gostaria de dizer que é muito injusto, porque morei em Santo Ângelo e não vi neve nenhuma!

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  2. Prezada Eunísia Inês Kilian,

    Grato por resgatar este texto do meu pai.

    Eu poderia compiar as fotos? Ou escaneá-las?

    fernando.kiechle@gmail.com

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  3. Senhor Helio Kiechle Loro Orlandi, agradeço seu comentário. Sinto- me realizada quando ocorre o retorno do texto pesquisado, pois faz parte da história do município e bem como nós também estamos realizando a nossa história pois estamos conectados em rede ou teia.
    Abs,
    Eunísia

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  4. Fernando kiechle,as fotos que foram utilizadas para ilustrar o texto faz parte do acervo da Família Galvagni. Enviarei cópias pelo seu e- mail. Grata pelo comentário,
    Abs,
    Eunísia

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  5. Sou lucas e vou deixar um comentário eu digo que isso foi muito bonito e estou usando isso a procura de um trabalho na sala de aula

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  6. Eu era um piá de seis anos de idade e presenciei, juntamente com meu irmão Paulo da janela todo o fenômeno.Foi um espetáculo único, inesquecivel, pra guardar para a vida toda.Tudo se tingiu de branco perdurando-se por horas.

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  7. Foi um espetáculo maravilhoso e ao mesmo tempo dantesco, porque vc via apenas o branco a sua frente, nos lados e acima.Nada mais existia a não ser o branco.Era lindo e ao mesmo triste, pois deixava em meu interior uma sensação de vazio.

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  8. Esse dia foi impar;eu contava com apenas seis anos de idade e juntamente com meu irmão Paulo, um ano e dez meses mais novo do que eu.Como éramos muito novos tivemos que assistir o lindo espetáculo pela janela da sala, por determinação de nossa mãe.Choramos, sapateamos, porém, de nada adiantou, fomos obrigados a assistir tudo pela janela mesmo.Foi belo, inesquecível, um momento mágico pra guardar para o resto de nossas vidas, àquele distante agosto de 1965 na nossa querida Santo Ângelo.

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  9. Ola, sabe o endereço onde foi tirada esta foto?? abraços

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  10. Presenciei a neve em Ago 1965 em Santo Ângelo. Meu Pai proibiu-nos de ir a escola! Não saímos de casa! Era um fenômeno desconhecido para um menino de 9 anos!Parece que teremos novas experiências em 2020!

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