sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A morada Franke - Bier

Continuo as postagens a partir das informações enviadas pelo amigo Augusto Bier, que ao contar a história da sua família resgata uma parte importante da história da cidade. Desse período da "Casa Franke" e de outros comércios advindos da colonização de imigrantes europeus em direção ao norte da cidade, é que ocorre o industrialização e a expansão da cidade. Santo Ângelo se dividia em duas, conforme os relatos dos moradores mais antigos: O Brasil (no entorno do que um dia fora a Redução Jesuítica e predominantemente formada por descendentes de portugueses) e a Alemanha (da rua 25 de Julho para o norte, onde se desenvolveu o comércio, a estação férrea e as primeiras indústrias e onde predominava a língua alemã).
As fotos enviadas por Bier da casa construida pelo seu avô na década de 1930 na Marechal Floriano, bem como a descrição de fatos familiares e as imagens da cidade a partir da casa, além dos comentários em parte bem-humorados e indignados (dos quais compartilho) dizem de como a cidade se configura e se modifica, de como a história se interconecta, se dilata entre o familiar, o individual e o coletivo. Isso me remeteu à questão da sensibilidade ao se olhar a história das cidades, sensibilidade esta que permeia a obra da historiadora Sandra Pesavento e que ficou registrado em suas palavras quando nos diz que:

"A cidade é objeto da produção de imagens e discursos que se colocam no lugar da materialidade e do social e os representam. Assim, a cidade é um fenômeno que se revela pela percepção de emoções e sentimentos dados pelo viver urbano e também pela expressão de utopias, de esperanças, de desejos e medos, individuais e coletivos, que esse habitar em proximidade propicia".

"A foto a cores mostra a casa que meu avô construiu em 1930,
na Marechal Floriano, 1253. Quando foi mobiliada, veio uma
revista alemã pra fazer matéria sobre como os descendentes
teutos viviam bem no Brasil. Foi quando Vargas ainda tava
simpático com a Alemanha. Atrás da árvore, no lado esquerdo,
aparece um telhado. Era do chalé onde Prestes morava quando
levantou a guarnição em 1924".



"Foto da casa recém construída, vista dos fundos. Atrás do galplão, à direita,
o cume do chalé de Prestes. Quando foi desocupado pelo capitão, meu
avô mudou-se para lá. Antes, morava no porão da loja, onde ele, minha
avó, Paula Franke,
e duas crianças sofreram tifo. Foram salvas pelo Dr. Gatz, médico prático
formado nas trincheiras da Primeira Guerra, cujo hospital já foi
demolido, putamerda!
A fundo, no lado esquerdo, aparece o prédio construído pela família
Lucca, em 1919.
Tá descaracterizado pelo comércio. Putamerda de novo!"


"Vista dos fundos. Foto voltada pra estação do trem. Pode-se ver o pavilhão de
carga e alguns vagões parados. Mais à esquerda, a chaminé e a caixa dágua da
Cia. de Fumos, que hoje abriga uma bicheira chamada Adhara. Bem na
esquerda aparece
o prédio que ainda existe do antigo Hotel Avenida".

"Na foto tirada da janela grande da sala de costura, na frente, aparece o terrenodos galpões na ferrovia. O prédio mais alto, no centro da imagem, é doHotel Brasil, na Marechal Floriano".

4 comentários:

  1. Eu tava revendo algums fotos que te mandei. Dá pra fazer uma postagem sobre carros antigos. Além disso, fiquei emocionado ao ver a casa do meu avô no teu blog. Valeu.

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  2. Com certeza Bier! Vou postar sobre os carros assim que der...Estou trabalhando numa exposição sobre o Carnaval em Santo Ângelo. Já separei as fotos dos carros! Abraço!

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