segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Tratado de Madrid e o fim dos Sete Povos

Alexandre Gusmão. Diplomata português, idealizador do Tratado de Madrid


O fator principal que ocasionou a decadência dos Sete Povos foi sua localização em uma zona de contestação entre Espanha e Portugal. O Tratado de Tordesilhas firmado em 1494, já não era respeitado a muito tempo, e a fundação da Colônia do Sacramento no atual Uruguai pelos portugueses impedia o avanço dos domínios espanhóis, sendo então cobiçada por esses, já que se localizava em um lugar estratégico que auxiliaria na implantação do monopólio comercial espanhol. Esse interesse por Sacramento deu origem ao Tratado de Madrid assinado entre Portugal e Espanha em 1750. Portugal abriria mão da Colônia de Sacramento em troca da região dos Sete Povos das Missões, que deveriam ser liberadas por seus habitantes que teriam de migrar para o lado do domínio espanhol.
Conforme as palavras de Maestri, o tratado ordenada que:

Das povoações ou aldeias que cede Sua Majestade Católica na margem oriental do rio Uruguai, sairão os missionários com todos os móveis e efeitos, levando consigo os índios para os aldear em outras terras de Espanha (…); entregar-se-ão as povoações à Coroa de Portugal, com todas as suas casas, igrejas e edifícios e a propriedade e posse do terreno (…)”.

Esse tratado desencadeou a resistência dos guarani dos Sete Povos que perderiam seu patrimônio, terras, estâncias e tudo aquilo que haviam construído. Essa resistência gerou a Guerra Guaranítica. O dois exércitos europeus se uniram contra os índios dos Sete Povos da Missões que lutaram em pequenas guerrilhas até 1756 contra os dois exércitos.
As tropas gerais missioneiras eram comandadas por Nicolau Neenguiru, corregedor de Concepción, na margem ocidental do Uruguai. Outras tropas por José Tiaraju – Sepé –, alferes real de São Miguel. Em 7 de fevereiro de 1756, Sepé foi morto m batalha, teria sido justiçado com um tiro de pistola, pelo próprio governador de Montevidéu, tendo dito antes da morte a célebre frase: “Esta terra tem dono”. Sepé Tiaraju tornou-se um mito, um mártir da causa missioneira, sendo aclamado até os dias atuais tendo sua imagem ligada aos movimentos sociais e de luta no Rio Grande do Sul.
O fim da Guerra aconteceu porém apenas em 10 de fevereiro, na Batalha de Caiboaté. Foi um banho de sangue onde os guarani missioneiros foram as vítimas frente ao poderoso armamento dos inimigos.Cerca de mil índios missioneiros foram executados. Em 16 de maio de 1756, após pequenos confrontos, as tropas ibéricas entraram em São Miguel. A República dos Sete Povos fora derrotada.
O Tratado de Madrid que de início parecia não interferir com os povoados do lado direito do rio Uruguai, foram afetados após a Guerra Guaranítica. Os jesuítas foram acusados de incitar os guarani à resitência e como punição foram expulsos dos Trinta Povos, ou seja do território dos três países. Com a expulsão dos jesuítas desses territórios, outras tentativas de reerguer as missões foram tomadas destinando para isso padres de outras ordens religiosas, mas que não lograram sucesso pois os poucos índios que restaram estavam dispersos e não aceitaram os novos missionários.
Segundo Maestri:

"(...) os missioneiros foram obrigados a adotar a língua e nomes portugueses, dissolvendo-se na população subalternizada do Rio Grande do Sul. Essa enorme contribuição ao povoamento original do Rio Grande é menosprezada pela historiografia tradicional rio-grandense.
Derrotados, milhares de missioneiros migraram para a Banda Oriental – Uruguai –, onde se empregaram nos campos, como peões, e em Montevidéu, como chacreiros, artífices, etc., guaranitizando profundamente aquela região".

Fonte: MAESTRI, Mário. Os Sete Povos Missioneiros: Das fazendas coletivas ao latifúndio pastoril rio-grandense. In: www.pfilosofia.pop.com.br


Um comentário:

  1. minha professora falou que o tratado de madri definia que a colonia do sacramento e os sete povos das missões seriam de portugal só que isso é no tratado de santo del fons

    ResponderExcluir