quarta-feira, 4 de novembro de 2009

85 anos da Coluna Prestes

Estação Férrea de Santo Ângelo. Atual Memorial Coluna Prestes.


Casa na Marechal Floriano onde residiu Luiz Carlos Prestes. Foi demolida na década de 80.

1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo na déc. de 20. Ficava na Rua 25 de Julho, esquina com a Marquês do Herval.

No último dia 29 de outubro, completou 85 anos do início do Movimento Revolucionário que ficou conhecido como Coluna Prestes. A Marcha revolucionária que entrou para os livros de história e marcou o período da república Velha no Brasil partiu de Santo Ângelo, onde se encontrava um dos articuladores da Marcha e aquele que daria nome ao movimento: Luiz Carlos Prestes – O Cavaleiro da Esperança.
Ao retomar o período em que a Coluna Prestes aconteceu cabe relembrar que o país estava completando 35 anos da proclamação da república. Uma republica corrompida pelos interesses das oligarquias. O chamado voto a cabresto era a prática recorrente do coronelismo que dominava os interiores do Brasil (o que não era diferente em nossa região – conseqüência da verticalização política do período), acordos entre Minas Gerais e São Paulo faziam intercalar presidentes no poder o que identificou o período como a República do café (São Paulo) com leite (Minas). Além de todas essas práticas antidemocráticas, os brasileiros dos rincões do país sofriam com o descaso, o abandono – doenças, miséria, analfabetismo. Movimentos de revolta estouraram em todos os cantos do país.
No Contestado e em Canudos surgiram movimentos messiânicos, movimentos urbanos como a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro e movimentos tenentistas como Os 18 do Forte e posteriormente a Coluna Prestes.
Prestes, gaúcho de Porto Alegre nasceu em 3 de janeiro de 1898, filho de Antônio Pereira Prestes (oficial do exército) e Leocádia Felizardo Prestes (professora primária) formou-se em engenharia na Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro aos 22 anos. Após o Levante de Copacabana, do qual foi um dos mentores, Prestes é enviado para Santo Ângelo, no interior do Rio Grande do Sul a fim de supervisionar as construções dos quartéis na região. A nomeação de Luiz Carlos Prestes para esse serviço no interior do Rio Grande do Sul fora a forma encontrada pelo exército de retirá-lo da cena dos grandes centros políticos a fim de impedir que ele incitasse novos levantes contra o governo, o que não esmoreceu seu espírito revolucionário. No ano de 1923, Prestes pede demissão da supervisão das obras devido à falta de material necessário ao trabalho bem como dos desvios de verbas públicas quando da construção da ponte de ferro sobre o Rio Comandai, no interior de Santo Ângelo.
Em julho de 1924, estoura em São Paulo uma nova rebelião tenentista, no Rio Grande do Sul em 29 de Outubro do mesmo ano, o 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo é o primeiro a se levantar, sob o comando do capitão Luiz Carlos Prestes, se concentrando posteriormente em São Luis Gonzaga, a Coluna se forma e começa sua marcha buscando o encontro com as tropas rebeladas em São Paulo.
Entre sucessivos combates com as forças governistas as tropas do Rio Grande do Sul se encontram em abril de 1925 com as tropas paulistanas no Paraná, ingressam pelo atual Mato Grosso do Sul através do Paraguai e dão início a grande Marcha revolucionária, se utilizando de táticas de guerrilha, o objetivo do levante era conseguir apoio do povo do interior para a derrubada do governo de Artur Bernardes. A Coluna percorreu mais de 25 mil quilômetros até fevereiro de 1927, chegando ao final com cerca de 1500 revolucionários, entre homens e mulheres que percorreram 15 estados brasileiros. Ao longo desse período, os objetivos da marcha foram enfraquecendo ao se defrontar com um país imenso territorialmente, mas gravemente doente social e economicamente. Apenas derrubar o governo não seria suficiente para melhorar o Brasil. Foi nutrido desse sentimento de indignação e de profunda humanidade desenvolvido ao longo da Marcha que fez de Prestes uma das grandes personalidades políticas do século XX.

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