quarta-feira, 19 de agosto de 2009

As Três Igrejas

Reprodução da gravura mostrando a parte da frente da Igreja de Santo Ângelo Custódio em 1860. (Fonte: FURLONG, 1962)

Igreja da Vila de Santo Ângelo. Década de 20.





Catedral Angelopolitana. Foto de Fernando Gomes


As três igrejas que se ergueram no espaço da Praça Pinheiro Machado nos últimos três séculos são um exemplo da forma como a cidade vai se transformando. Essa metamorfose é reflexo de toda uma cadeia de ações marcadas pelas aspirações sociais, econômicas e culturais de diferentes períodos históricos pelos quais nossa sociedade passou ao longo desses mais de trezentos anos.
A primeira Igreja, erguida pelos jesuítas e pelos guarani da redução de Santo Ângelo Custódio tinha como finalidade principal ser o símbolo máximo do projeto empreendido pela Companhia de Jesus: reduzir os nativos do Novo Mundo em aldeias e fazer-lhes conhecer, com base na religião católica, os costumes e a língua dos europeus. Em outras palavras, trazer-lhes a “civilidade”, dentro da concepção européia da época, necessária para expandir os domínios dos conquistadores. Não podemos esquecer que com isso, a Igreja Católica também expandia sua rede de fiéis e aumentava seu poder. Nesse sentido, a construção de um grande templo junto aos povoados missioneiros se mostra como a materialização da estrutura social e cultural do período.
A segunda Igreja, erguida pelos colonizadores após 1860 em diante, representou uma forma de estabelecer a existência da nova freguesia. Antes mesmo de existir uma estrutura administrativa, era preciso estabelecer a paróquia local. A religiosidade representava de alguma forma um elemento de alento e segurança, tanto para os novos colonos, e suas árduas tarefas no inóspito local, assim como para a elite, que garantia seu poderio econômico e administrativo.
O último e atual templo que conhecemos como Catedral Angelopolitana, que iniciou suas obras em 1929 e que só teve suas torres concluídas no inicio da década de 70, já surge dentro de um novo contexto. A Catedral não foi fruto da necessidade de marcar território, mas sim uma forma de perpetuar a história das outras duas. Com traços que remontam a época das missões jesuíticas, ela expressa esse período. Porém, ao mesmo tempo, se levarmos em conta o grande espaço de tempo que levou para ser erguida, sempre com a efetiva participação da comunidade, ela diz também do empenho e da luta de um núcleo de pessoas para efetivar o projeto, reforçando a história dos primeiros moradores.

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