sexta-feira, 24 de junho de 2011

HISTÓRIAS SOBRE AS ENCHENTES DO RIO URUGUAI

 
Hoje, podemos observar a fotografia que registra o rio Uruguai no ano de 1915. Naquele ano foi inaugurado a navegação de Porto Lucena até “ Uruguayana”, por duas lanchas à gasolina de 22 a 18 “cavallos” de força, cada uma rebocando duas chatas.
Em busca de dados encontramos no relatório do Intendente Bráulio Oliveira apresentado ao Conselho Municipal em sessão ordinária de 17 de junho de 1915 o relato que a navegação ocupava-se no transporte de produtos coloniais da “ Colônia Guarany” para as cidades de São Borja, Itaqui e Uruguaiana.
O importante empreendimento daquela época veio beneficiar a aflitiva situação dos colonos localizados à margem direita do rio Comandai, neste município, pois eles não tinham mercado para a colocação dos seus produtos.
O Confrade Dr. Wilmar Campos Bindé em troca de experiências comentou que seu pai produzia erva- mate em Palmeiras e pra transportar seus produtos até Uruguaiana e outras cidades que localizavam-se nas margens do rio Uruguai, aguardavam a época das cheias, enchentes para realizar tal proeza. Pois os obstáculos eram enormes porque no trajeto do rio encontravam- se cachoeiras grande e pequenas. Muitas vezes perdiam todos seus produtos produzidos tendo enormes prejuízos. Os viajantes às vezes ficavam dias e dias esperando oportunidade em que o rio ficasse menos violento para seguir seu destino.
Quem já pescou e realizou aventuras no rio Uruguai por esporte sabe muito bem sobre o que estou escrevendo...maretas, redemoinhos, poços...em águas calmas.
Quando pequena e morava em Santa Rosa, o Tio Edim e a Tia Sibila fomos por curiosidade até Porto Mauá para ver a “ maior enchente” do rio Uruguai. Guardei tremendas imagens na memória, de violência das forças das correntezas formadas pela enchente. Era a enchente de São Miguel, mês de setembro, dia 29. Casas cobertas até o telhado, a casa comercial do seu Sagim e a aduana, não lembro de casos de morte.
Hoje, observamos o pesadelo de rios transbordando, municípios inundados, famílias desabrigadas, mortes e estamos presenciando a fúria do clima impotentes.
Comentário realizados da região sul sem falar na questão da transformação climática no planeta chamado Terra.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

LENDAS URBANAS


Ao querer sintonizar uma rádio esotérica para fluir a crônica, não consegui e são exatamente doze horas, e começo a escutar o belo replicar dos sinos da igreja matriz que funcionam como uma orquestra, soam memórias de um povo.Tudo começa... Nostalgia, o som toca dentro do meu corpo humano, é uma sensação que realmente não consigo descrever. O significado oculto das badaladas do sino... sino, coração da cidade e da gente.
Meu amigo misterioso não tirava da sua cabeça o boné preto, trazia muitas histórias e não economizava palavras. Sempre sentava no mesmo banco da praça Pinheiro Machado, voltado para o leste onde podia visualizar pelos galhos das árvores, o belo céu azul celeste. Seus tímidos gestos lembravam a presença da doença de Parkinson.
- Meu trabalho sempre foi digno de ser realizado. Tinha que algumas vezes realizar horas extras, trabalhar à noite por solicitação do prefeito Odão Felipe Pippi. Era apenas ajudante como se diz hoje, officie boy, mas dava para sustentar a mulher e dois filhos pequenos, pois complementava meu trabalho como mecânico da oficina do senhor Juca.Enquanto escrevia um discurso para o prefeito, numa solidão tremenda, somente eu e Deus,ouvi o ruído das batidas da máquina escrever que ecoavam naquela sala que ficava a secretaria da prefeitura. Mas, aconteceu algo diferente naquela noite. Quando estava saindo da sala onde trabalhava continuei a ouvir alguém trabalhando na máquina de escrever, retornei a abrir a porta... simplesmente não enxerguei nada, nenhuma pessoa, mas, o som continuava e só restou sair porta afora do local do trabalho.
O tempo passou, e eu comecei a investigar esta história contada pelo meu amigo para fazer parte de um projeto Lendas Urbanas. Em busca de dados resgatei algumas história orais e outras ficarão no anonimato pois, muitos negaram relatar alguma coisa sobre a lenda.
Até hoje, no tempo pós- contemporâneo onde a informatização e a cibernética estão presentes no cotidiano do ser humano esta história continua. Seu Joel, guarda da prefeitura municipal, atualmente realiza trabalho diurno relatou que, às 3 horas de uma noite fria, nem lembra a data, disse que ouviu o barulho lá em cima no segundo piso de um serrote serrando madeira e martelo batendo na parede. Ele afirma nitidamente que ouviu o som e foi ver o que estava acontecendo... Não avistou nada e desceu correndo as escadas todo arrepiado e com seu medo. Silenciou até quando uma rádio de Porto Alegre resolveu uma entrevista- lo. Detalhe, não lembra quem foi o entrevistador.
- Sabe, dona Eunísia, também vi pelo monitor uma mulher subir a escada toda vestida de azul forte, não pude ver seu rosto. Chamei a colega que já estava indo embora, pois já eram 17horas da tarde e fomos atrás para saber quem era. Com toda coragem subimos as escadas, andamos pelo prédio superior, em cada repartição e nada de ver alguma coisa. Até agora, contando esta história, parece que estou vendo ela no monitor.
Minha curiosidade fica cada vez mais aguçada e tento instigar seu Joel a realizar mais relatos que sabe,ouviu falar ou contar. Reluta um pouco e deixa escapar o pensamento e complementou:
- O guarda noturno, como sempre realizando as observações necessárias da profissão, parado ao portão avistou de longe, era 3 horas da madrugada, uma bola de fogo naquele banco da praça. Ela rolava em círculo e chamou o colega que estava conversando com ele. E chegaram perto e não avistaram nada .
 Mas como falou a cigana: - No pátio do prédio da prefeitura municipal era o cemitério antigo dos índios e jesuítas. Cruz credo, mas aquele homem de capa preta parece uma alma perdida, ele caminha e ao mesmo tempo dá a impressão que está volitando todas as noites na praça Pinheiro Machado. Fixa o olhar com nostalgia para o prédio da prefeitura, como se quisesse desenterrar um corpo conhecido.
A memória talvez brinca com o tempo, faz do imaginário popular uma lenda folclórica.





segunda-feira, 6 de junho de 2011

José Goldemberg, filho da nossa terra.


                                        José Goldemberg, professor, físico e político brasileiro.


Às vezes estamos em busca de algo novo para escrever, mas que esteja ligado à história de Santo Ângelo. Tempos atrás, quando realizava meu trabalho no Arquivo histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos sempre recebia a visita do Confrade Wilmar Campos Bindé ( Acho falta das conversas), comentou a visita que José Goldemberg realizou em nossa cidade.
        Fui em busca de dados, para ter maiores informações sobre o senhor José Goldemberg. NasceuSanto Ângelo, 27 de maio de 1928 é um professor, físico e político brasileiro, membro da Academia Brasileira de Ciências.Foi reitor da Universidade de São Paulo (1986 - 1990). No governo federal, foi secretário da Ciência e Tecnologia (1990 - 1991), ministro da Educação (1991 - 1992) e secretário do Meio Ambiente (março a julho de 1992), durante o governo de Fernando Collor de Mello.
Foi Secretário do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo.
Em 2000, recebeu o Prêmio Volvo do Meio Ambiente e em 2008, o prêmio Planeta Azul, oferecido pela Asahi Glass Foundation, considerado um dos maiores da área (Meio Ambiente).
Ligações externas:
• Academia Brasileira de Ciências - Biografia (em português)
• Sustainable Energy Institute - Biografia (em inglês)
• Universidade de Yale - Environment and Development Students' Interest Group - Biografia (em inglês)
Em uma entrevista na Bioclima (Revista Virtual), relatou fatos sobre a nossa cidade, sobre a sua família que era de imigrantes judeus que tinha vindo da Rússia no começo do século, numa daquelas ondas de imigração anteriores a Primeira Guerra Mundial, era uma imigração por razões econômicas e não políticas. Era uma época em que o Barão Hirsch, um daqueles barões, estava instalando colônias de judeus no Rio Grande do Sul e na Argentina, e seus pais e seus avós vieram nessa onda. Foram para uma cidadezinha pequena, para serem agricultores, o que obviamente não funcionou e acabaram se tornando comerciantes. E José Goldemberg acabou nascendo nessa cidadezinha, que é famosa porque é de lá que começou a Coluna Prestes, quando Prestes começou a revolução dele em 1924 foi de lá que ele partiu. “Meus pais, olha, eles não eram casados quando eles vieram, eles vieram acho que na mesma leva de imigrantes.Residi em Santo Ângelo até 5 anos de idade”. Na entrevista salientou que possuía três irmãs, e foram para Porto Alegre e é interessante porque a família foi para lá, para dar melhores oportunidades educacionais para os filhos, que é uma característica dos judeus e de outros povos também. Estudou então o Grupo Escolar, que tinha naquele tempo em Porto Alegre, com uma professora maravilhosa que lembra até hoje e que despertou um pouco o interesse por ciência. E depois estudou em uma escola, famosa, Colégio Estadual Júlio de Castilhos, que era uma escola laica, uma escola positivista que tinha sido criada pelos generais que fizeram a Revolução Republicana do fim do Império. Era uma escola muito boa e foi lá que decidiu tornar- se um cientista.
( O entrevistador) -O senhor começou a sua fala falando da sua cidade, da Coluna Prestes, depois o senhor falou em 1945 do término da Segunda Guerra, discutia-se política nessa época na sua casa, tinha esse interesse?
Na universidade se discutia a beça, porque era o período pós-guerra, com uma grande efervescência política, com eleições que não tinham ocorrido no Brasil desde 1930, ascensão do movimento trabalhista e do próprio Partido Comunista do Brasil, Prestes. Era um período bem romântico, na universidade os meus colegas eram quem: era o Fernando Henrique, o Caio Prado, essas grandes figuras que depois se tornaram os dirigentes do país, teve o Florestan Fernandes. Mas era na universidade, eu tenho a impressão de que a minha família era suficientemente pobre para se preocupar muito mais com a sobrevivência do que com esse tipo de coisa. Sob esse ponto de vista a universidade é um lugar maravilhoso porque você fica lá o dia todo e tem tempo para pensar em grandes coisas, inclusive pensar em melhorar o mundo, que é o que motiva os estudantes durante o período da universidade.
Observação: que souber mais sobre a história e conviveu ou continua tendo contato com o Senhor José Goldemberg envie e-mail para esta colunista.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

LEDA NASCIMENTO-CARLA MAFFIOLETTI- ANDRÉ RIEU

CARLA MAFFIOLETTI- ANDRÉ RIEU
Transcrevo as informações e e- mail que recebi da leitora e amiga Vera Lúcia Lied:
"Eunísia, achei interessante comentar sobre Carla Maffioletti , sendo filha de uma santo-angelense. Os avós maternos da Carla eram Tenório Albuquerque, Militar do Exército casado com Rosa Nascimento, cunhada do Dr. Pedro Osório do Nascimento. Moravam na Marques do Herval em frente a casa do Bispo.O casal tinha 4 filhas e um filho. Eridan, Simone, Leda e Gugu (não lembro o nome). E um filho mais velho Rômulo ( falecido ). A Leda Albuquerque Maffioletti, é mãe da Carla.Acho que faz uns 30 anos que foram embora de Santo Ângelo. A Leda possui Doutorado em Educação: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.Mestrado em Educação: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1987; Especialização: Formación en Psicopedagogia Clinica para Graduados, Escuela Psicopedagógica de Buenos Aires, EPSIBA, Argentina, 1995; Licenciatura em Música: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1974.
Carla Maffioletti de ascendência italiana e neerlandesa, quando era criança começou a tocar violino para depois mudar para guitarra clássica. Seus talentos eram tão notáveis que no início de sua adolescência ela já excursionava por todo o Brasil. Na universidade iniciou aulas de canto e rapidamente desenvolveu sua voz. Multilingüística, Carla decidiu estudar canto no conservatório de música Conversatorium Maastricht, em Maastricht, nos Países Baixos, assim como fez sua amiga, Carmen Monarcha. Quando estudava na academia, ela chamou a atenção de André Rieu, que a contratou como vocalista para sua Johann Strauss Orchestra. Eu assisti uns vídeos do André Rieu neste fim de semana e num deles aparece a Carla cantando. Eu já sabia que ela fazia parte da orquestra do André Rieu.Quem deve saber mais do passado, tempo em que moraram aqui em Santo Ângelo é o Dr. Pedro Osório. Espero ter sido útil.  "
Um abraço amiga.Bom fim de semana.
Da amiga  
Vera Lúcia Lied.


sábado, 30 de abril de 2011

EXPOSIÇÃO NACIONAL DO MILHO



Wali Sachs, priemeira rainha da FESTA NACIONAL DO MILHO, em 1954
Em 1952, ocorreu uma reunião de lideranças regionais envolvendo os municípios de Santo Ângelo, Ijuí e Santa Rosa, destacando a pessoa empreendedora da época, Rosalvo Scherer, ocorreu a realização da PRIMEIRA FESTA DO MILHO, simultaneamente com a EXPOSIÇÃO DE MILHO, MÁQUINAS E MATERIAIS AGRÍCOLAS E FERTILIZANTES na cidade de Ijuí, no período de 25 de julho ( Dia do Colono) a 3 de agosto.

No ano de 1953, Santa Rosa sediou o acontecimento na qual foi chamado de FESTA NACIONAL DO MILHO, abrigando a Exposição Industrial e Agropecuária, no período de 25 de julho a 2 de agosto.

Consta em busca de dados no Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos, que a FESTA NACIONAL DO MILHO ocorreu em 1954, entre 15 de agosto e 7 de setembro em Santo Ângelo, com a denominação de III FESTA EXPOSIÇÃO NACIONAL DO MILHO, contando com a supervisão da Associação Serrana de Defesa dos Agropecuaristas, sendo apoiada pelos governos da União e do Estado, e classes representativas da região serrana missioneira. O evento aconteceu na administração do prefeito Odão Felipe Pippi, onde atualmente encontra- se o Instituto Educacional Sepé Tiaraju, pois não existia parque de exposição. O presidente foi Valença Guedes Soares e as soberanas foram Wali Sachs Voese, Marga Fetter e Oracilda Alcântara. A Feira foi cancelada por alguns dias, pois no dia 24 de agosto o povo brasileiro foi surpreendido com a morte do Presidente do Brasil, Getúlio Vargas.

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domingo, 20 de março de 2011

O ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL AUGUSTO CÉSAR PEREIRA DOS SANTOS-

O Arquivo Histórico Augusto César Pereira dos Santos, foi criado pelo decreto nº 2.202 de 23/03/1993  no governo municipal de Adroaldo Mousquer Loureiro e decretado como Patrimônio Histórico e Cultural do Município pela lei nº 2.792 de 04/11/2004 na administração municipal de José Lima Gonçalves, levando-se em conta a importância do seu acervo documental para a história política, social, econômica e administrativa de Santo Ângelo e região missioneira e o grande Santa Rosa. O acervo do arquivo é de grande relevância para a pesquisa e o desenvolvimento cultural e intelectual não apenas para Santo Ângelo, mas para os demais municípios da região que no passado fizeram parte de nossa cidade do ponto de vista . Podemos encontrar alguns documentos que fazem parte do acervo que estão divididos em:hemeroteca,biblioteca,fototeca,mapoteca,micelânia, exposições fotográficas e a educação patrimonial.Portanto o AHMACPS está completando 18 anos.
O interessante é observar a integração do Arquivo Histórico com o mundo contemporâneo da internet, tudo é possível e somente assim o documento papel não morrerá.Hoje, além de manter a Coluna Memória no Jornal das Missões aproximadamente 12 anos, divulgamos  noblog:santoangeloemfatosefotos.blogspot.com/, a história de Santo Ângelo e  missões e noroeste da região através de fotografias e textos.
O Arquivo Histórico funciona junto à Secretaria Municipal de Cultura, no Centro Municipal de Cultura na Rua Três de Outubro, nº 800. E está aberto aos pesquisadores, professores, alunos e comunidade em geral. Visitas com trabalho de educação patrimonial e explanação sobre a História do município podem ser agendadas e o atendimento ao público é realizado de segunda- feira à sexta- feira a no seguinte horário: 8h e 30 min. às 11 e 30 min e o telefone é 3313 6321. 
   Palestra sobre  Educação Patrimonial - A importância do Arquivo Histórico Municipal"- participação dos professores da rede municipal de Educação. Observamos a presença do Secretário Municipal de Educação Délcio Freitas- 2010- agosto

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O ANTIGO CARNAVAL EM SANTO ÂNGELO

Festa popular, o carnaval ocorre em regiões católicas, mas sua origem é obscura. No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. Hoje é uma das manifestações mais populares do país e festejado em todo o território nacional.
O carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma, principalmente do domingo da Qüinquagésima à chamada terça-feira gorda. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.
O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.
Carnaval no Brasil. Nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval— ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século XIX até a década de 1950. Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular. Como declarou Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, "o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto".
O entrudo, importado dos Açores, foi o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador português. Grosseiro, violento, imundo, constituiu a forma mais generalizada de brincar no período colonial e monárquico, mas também a mais popular. Consistia em lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões-de-cheiro (feitos ambos de cera), pó de cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam mal-cheirosas as vítimas. Esta estupidez, porém, era tolerada pelo imperador Pedro II e foi praticada com entusiasmo, na Quinta da Boa Vista e em seus jardins, pela chamada nobreza... E foi livre até o aparecimento do lança-perfume, já no século XX, assim como do confete e da serpentina, trazidos da Europa.
O Zé-Pereira. Em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O zé-pereira cresceu de fama no fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente: E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval! A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século XX, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as "frigideiras".
O uso de fantasias e máscaras teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de sucesso — de 1870 até início do decênio de 1950. Começou a declinar depois de 1930, quando encareceram os materiais para confeccionar as fantasias — fazendas e ornamentos –, sapatilhas, botinas, quepes, boinas, bonés etc. As roupas de disfarce, ou as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo reduzidas ao mais sumário possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga à insolação do período mais quente do ano.
FONTE: Miniweb Cursos e outros.
 Os depoimentos seguintes são do senhor Antônio Rousselet, ressaltamos que mantemos a originalidade dos textos.
CARNAVAIS EM SANTO ÂNGELO E NA REGIÃO SERRA- MISSÕES
Antonio José Rousselet
"Os carnavais no Brasil e no Rio Grande do Sul, que surgiram a partir da década de 1930 eram pautados por 90% de marchas carnavalescas de tom vibrante e entusiasta, notadamente quando surgiu a música “ É de Zé Pereira”, marcha cantada com muita animação. Nossos carnavais no Rio Grande do Sul eram semelhantes aos da Argentina e Uruguai. Realizavam- se nos clubes, muitos animados, com danças de cordões e rodas. Pulava- se muito. As canções eram geralmente marchas. Formavam- se blocos, principalmente dos clubes. Havia “assaltos” de blocos carnavalescos nas casas de famílias, que eram obrigadas a dar uma festa com música.Havia um desfile pelas ruas, redor das praças. Participavam os blocos com carros alegóricos, bandas de músicas, clarins à cavalo. Chamava- se “O Corso”. Fantasias muito bonitas. Para animar os foliões usavam lança perfume, serpentina e confete. Enfeitavam os salões de baile. Usavam máscaras. Durante um mês antes, eram bailes todos os sábados. No fim de semana que antecedia a terça- feira do carnaval eram quatro noites de folia, com matinés, em quase todos os clubes da cidades. Geralmente infantis."
Maria da Conceição Rousselet desfilando no carnaval do Clube 28 de Maio em 1960


CARNAVAL E 1942

“ Nesse ano participamos do carnaval , pertencendo ao bloco de estudantes do Clube gaúcho. Os rapazes com fantasia de Marinheiro. Eram 30 membros, entre rapazes e moças. Participamos dos bailes dos 3 clubes, Comercial, Gaúcho e Clube 28 de Maio. Grande animação dos foliões. Ainda participamos dos assaltos nas casas dos senhores Coronel Sabo e Dr. Gomercindo Medeiros. Todos com grande alegria e entusiasmo. Em todos esses carnavais havia também, aqui, em Cruz Alta o Carnaval de Água, que consistia em banho de duchas e baldes atirados em todos que passavam no desfile e, mesmo nos que passavam pela rua. No sábado seguinte ao fim do carnaval havia o baile do Enterro dos Ossos ( proibido pela igreja, já em plena quaresma.”)
 
CARNAVAIS -1960,1972...1990

"Participamos, alternativamente de muitos carnavais. Os carnavais de 1960 a 1972 foram os mais divertidos. Participamos junto com Alceu Berwanger e Ruth, Eloy Pedrazza, Juarez Feijó e outros casais do bloco do 28 de Maio, do bloco dos Casais. Eram bailes nos três clubes daqui de Santo Ângelo, mais no clube de Ijuí, para onde nos deslocávamos."


“...Oi você aí me dá o dinheiro aí...”

“...Lua, oh lua, querem te passar para traz...”


"Eram as principais músicas que surgiram.Dançavam e pulavam ao som da música nos salões e entorno das mesas. Movidas sempre ao som das músicas e com muito Wisky, cerveja e conhaque. Parece que as pessoas naquelas noites libertavam seu eu do corpo físico... se divertindo muito vivendo num mundo de fantasia."


Seu Antonio Rousselet e sua esposa Maria no carnaval de salão


O senhor Eloir Taborda e sua esposa  Carmen Silvia no carnaval do Clube Comercial. Ano: 1967
O senhor Eloir Taborda  e sua esposa no carnaval do Clube Comercial. Ano:1968

   Carnaval no Clube Gaúcho. Eloir Taborda e sua esposa Carmen Silvia. Década de 70

Agradeço ao Senhor Antonio José Rousselet, ao Senhor Eloir Taborda e a Confreira Vanda Prado pelos seus depoimentos. Certa de ter atingido o objetivo para a concretização da exposição de fotografias antigas de Santo Ângelo.