quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
CINEMA AVENIDA

segunda-feira, 25 de outubro de 2010
AS CAVALHADAS
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
CURIOSIDADES SOBRE A VILLA DE SANTO ÂNGELO

A Agência Postal inaugurada em 8 de abril, teve como primeiro agente, João da Silva Monteiro que exerceu o cargo até 1919.
sábado, 18 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
Para os cinéfilos, segue o que talvez venha a ser o mais antigo filme já produzido (1906)!!São cenas filmadas a partir de um "cable car" na Market Street, em San Francisco, California.
É surpreendente a quantidade de automóveis que já existiam àquela época.
E quantas imprudências se cometiam, nas barbas dos policiais (Provavelmente, nem havia Leis de Trânsito...)!!
O trânsito era caótico com a convivência, não tanto harmoniosa, entre pedestres, bicicletas, charretes, automóveis, cable car, bondes, etc.
Observe que os bondes que cruzam a rua já possuem tração elétrica!
No final da rua, existe um prédio que está lá até hoje, pois trata-se do terminal de passageiros da Baía de San Francisco.
O filme, após muita polêmica, teve identificada a sua origem, bem como a data de sua produção:
É um filme produzido em 14 de abril de 1906, 4 dias antes do grande terremoto que acabou com a cidade de San Francisco. O filme foi embarcado para New York, num trem, para ser processado, daí ter sido poupado daquela tragédia.
domingo, 15 de agosto de 2010
“ Diário e uma narrativa verídica para meus netinhos - Kurt R Kiechle "

(parte I)
A neve aumentava de intensidade, a altura do chão também e, sem que ninguém protestasse surgiu a idéia do boneco, o qual em poucos momentos estava em pé, fumando seu cachimbo... de repente, sem declaração ou licença ' a guerra' começou, um atirava neve no outro, todos estavam loucos de alegria, tinham virado crianças novamente, inclusive eu... apenas o sr. P. Schlick teimava em não expôr seus raros cabelinhos exclamando: que desastre, que desastre para o Rio Grande na pecuária e agricultura... O sr. Aury Rodriguês- T Güther, U. Graebin descobriram a " bola de neve", rolando uma pequena bola ela aumentava aos poucos, ficando com mais de um metro de altura, quando tinham que parar por falta de força... e a "guerra" continuava... apenas o gigante A, Schmidt e o solteirão A. Cozzatti não aderiram... até que alguém deu as "costas" para êles... A Rádio santo Ângelo apelava: " A vila do Sossego" transmite um SOS pungente,o Itaquarinchim estava inundando tudo, e os flagelados aumentavam. Nelson Kothe, do Clube Atafona aderiu, doando alta quantidade em dinheiro. M.F.C.- Rotary_ Lyons- Escoteiros- Damas da caridade- L.B.A- Exército todos enfim convocavam suas classes para socorrer os flagelados. Entre o belo, existia a calamidade e urgia providência..."
segunda-feira, 5 de julho de 2010
VELHOS TEMPOS
Nos encontros realizados também eram tratados assuntos sobre a política municipal, estadual, nacional e bem como a mundial ( possíveis). Podemos no imaginário popular deduzir sobre as decisões que eram tomadas entre sombra e água frescas, apesar que nenhum dos homens estão vestidos adequadamente para o banho na cascata. Estavam comemorando algo, pois podemos observar homens assegurando garrafas. Este momento foi registrado onde hoje se encontra o moinho do Funguetto.
Poucos dados podemos registrar e transcrever pois a história está cheia de lacunas. Necessitamos de contadores, de pessoas folclóricas e mais fotos que registram a história do município. Você, caro leitor poderá participar enviando fotos de familiares, amigos e conhecidos com um breve relato para o e- mail: eunisiaineskilian@hotmail.com. Vamos criar uma rede de informações históricas sobre o município e região das missões. Agradecemos a colaboração dos participantes e créditos serão mencionados. Pois, tempos modernos podem nos remeter ao passado e a história não deve acabar.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
NATUREZA ÁGUA

segunda-feira, 31 de maio de 2010
A CENTENÁRIA PRAÇA PINHEIRO MACHADO

segunda-feira, 24 de maio de 2010
RUA ANTUNES RIBAS- BREVE HISTÓRIA
Rua Antunes Ribas sentido norte/sul.Aproximadamente década 40
Ao realizarmos a busca de dados sobre a rua Antunes Ribas, constatamos que no dia 20 de agosto, a via estará completando 113 anos. O ato nº1 de 20 de agosto de 1887, promulgou a lei que deu nome dessa rua da nossa cidade.Augusto César Pereira dos Santos em seus relatos deixou uma breve biografia de Antônio Antunes Ribas, que iremos transcrever: " Antunes Ribas nasceu em Santo Ângelo, no dia 8 de outubro de 1844, filho do fazendeiro Antônio Antunes da Costa e de Maria Ribas. Diplomou- se pela faculdade de Direito de São Paulo em 1868, e no mesmo ano casou- se com Lydia Roseira Ribas. Da união, nasceram os filhos Malvina Ribas e Antônio Antunes Ribas Filho. Começou a advogar em Cruz Alta e Santo Ângelo. Em 1872, transferiu- se para Porto Alegre, onde assumiu a redação do órgão liberal, " A Reforma". No ano de 1874, voltou a cidade de Santo Ângelo, como juiz Municipal do termo criado em 18 de agosto daquele ano. No ano seguinte foi eleito deputado estadual. Em 30 de setembro de 1878, fundou juntamente com Venâncio Aires e outros, a Loja Maçônica "Luz da Serra". Em 1880, foi eleito deputado federal. Pouco antes foi chefe da polícia em nosso estado e em Pernambuco. Era figura de destaque no Partido Republicano. Com a reorganização da Magistratura Estadual, Antunes Ribas recebeu outra incumbência das mais honrosas: desembargador e vice- presidente do Tribunal de Justiça . Santo Ângelo cultuou a memória de seu filho ilustre dando o seu nome a uma das principais artérias da cidade".Para Arlindo Lied ficou a lembrança da casa construída por Matheus Becker nas ruas Antunes Ribas com a esquina da Três de Outubro, na qual foi inquirido por que o diabo fazia a casa tão longe da via frente a um capão de branquilho.
Relatamos sobre a rua Antunes Ribas, mas conforme subsídios encontrados, a pesquisa será complementada. Pois essa rua é minha, é sua, é nossa rua, também do Oscar, do Yone, da Vera da Gica, dos vereadores, dos prefeituráveis, do poeta, do jornalista, do advogado, dos comunicadores, dos comerciantes e de todos os seres humanos habitáveis que influem e fluem no desenvolvimento econômico, político e social dessa artéria abençoada por Deus.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
13 DE MAIO

terça-feira, 6 de abril de 2010
Um olhar sensível sobre o passado

quarta-feira, 24 de março de 2010
Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos completa 17 anos
O Arquivo Histórico Augusto César Pereira dos Santos possui em seu acervo várias coleções de jornais, tais como “A Semana”, fundado em 1919; jornal “O Missioneiro”, fundado em 1925; jornal “O Minuano” e jornal “O Debate” entre outros. Além das coleções completas dos jornais em circulação como A Tribuna Regional, Jornal das Missões e O Mensageiro.
Documentos:
Na seção documental, encontram-se materiais de relevante importância para a história do município e região, como é o caso do livro O Rio Grande do Sul, de autoria de Alfredo R. da costa, datado de 1922 que se constitui num dos livros mais utilizados para pesquisas e abrange um período da história as Santo Ângelo no qual os limites do município em questão eram a República da Argentina, ao norte; os municípios de Palmeira e Ijuí ao leste; Julho de Castilhos e Santiago do Boqueirão ao sul e São Luis das Missões a oeste. Há igualmente o “Álbum Ilustrado do Partido Republicano Castilhista, de 1934” – material este que se destaca por sua raridade e conteúdo histórico. Além destes materiais, encontram-se na seção documental do Arquivo Histórico, materiais como:
Livro de Marcas e Sinais – 1892/1896;
Livro de Lançamento de Impostos de registros e marcas de Santo Ângelo – 1889/ 1891;
Livros de Receitas sobre Indústria e Profissão – 1881 a 1882
Folhas de pagamento da Intendência – 1929;
Livros de Impostos – 1889;
Livros de recenseamento de 1926 do 1º, 2º, 3º, 4º e 5° distritos.
E outros documentos de importância histórica e que datam de 1873 até 1984.
Biblioteca:
O acervo da biblioteca encontra-se dividido em seções de livros de História Geral, História do Brasil, História Regional e História do Município e região. Há obras de expressiva importância cultural cujas edições já se encontram esgotadas, como é o caso do título “Inocência”, de Visconde de Taunay, datado de 1900; “Os trinta Povos Guarani”, de Arnaldo Bruxel, de 1940; “Generalidades das Missões Jesuíticas”, de Bazilisso Leite, “Cronologia da História Rio-Grandense”, de 1916, obras em língua alemã que pertenceram a Valentin Von Adamovich entre outros. Além de obras recentes sobre a história local e regional.
Fototeca:
Na seção de fotografias, podem ser encontradas imagens de diversas épocas, como por exemplo, fotos das décadas de 1920, 1930 e anos posteriores. As temáticas são variadas: imagens da Catedral Angelopolitana, das Ruínas de São Miguel, das praças, dos prédios de maior vulto, da Estação Férrea e Memorial Coluna Prestes, de famílias tradicionais do município de Santo Ângelo, do Hospital Gatz, hoje demolido; registros fotográficos da ocasião em que nevou em Santo Ângelo no ano de 1965 entre tantas outras imagens.
Há também um acervo particular do Se.º Bruno Sshmidt com mais de 2.000 fotografias que foram doadas ao Arquivo Histórico e que estão aguardando classificação.
Mapoteca:
Nesta seção podem ser encontrados mapas de diferentes épocas e até de séculos anteriores de alguns países, como por exemplo um mapa da África editado em Paris; do Brasil; dos Estados; dos municípios da região; do município, bem como mapas hidrográficos de Santo Ângelo, São João Batista e São Miguel. Além dos mapas de divisões das linhas, que demarcavam a distribuição de terras aos imigrantes alemães na região.
As plantas também estão inseridas nessa seção e se dividem em: plantas dos países, como o “Plano del território de Missiones” (Posadas, 1936); Estados; cidades (Cidade de Passo Fundo, 1922); Municípios (Planta da vila de Santo Ângelo, 1897) e plantas dos distritos.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Cine Cisne: 52 anos de atividade
Foi em 22 de março de 1958, exatamente 51 anos atrás que ocorreu a inauguração do Cinema Cisne através de seus sócios proprietários Marcelo Mioso, Hélio Carlos Panzenhagen e Fiorindo Fantinelli. O cinema era na época um moderno espaço voltado para a sétima arte, referência em nossa cidade, região e estado.
Muitos capítulos viriam a se desenrolar na história do cinema Cisne. Uma história de garra, persistência e muita luta. Como todo grande filme repleto de emoção, altos e baixos o enredo da história da família Panzenhagen e sua luta para manter viva a sétima arte em Santo Ângelo pode ser estampada através das manchetes dos jornais locais. Em 1987, quando Flávio Panzenhagen assume a administração do cine Cisne juntamente com seu pai Hélio, o movimento do cinema já não era mais aquele de outras épocas e o grande número de sócios insatifeitos com a empresa anunciavam a possibilidade do cinema fechar as portas para fugir das dívidas. Porém aos poucos, pai e filho unidos enfrentaram as dificuldades e mantiveram o cinema em atividade ao longo desses 51 anos.
Ainda hoje o Cisne ostenta o título de “maior tela do Rio Grande do Sul” e guarda dentro de suas paredes, em sua tela, em cada poltrona, inúmeras histórias.
Ao longo desse mais de meio século, acalentou sonhos de mocinhas enamoradas pelos galãs holliwodianos, a agitação da gurizada nas batalhas do velho oeste, no riso que ecoava pelo gigantesco espaço quando Chaplin ou Mazzaropi aprontavam das suas. Que menino não desejou ser um Tarzan, um Batman, um Superman, um Homem Aranha? E qual deles não se sentiu realizado por alguns minutos em frente à tela do Cisne? Quantos casais apaixonados não namoraram nessas poltronas ao som, e na penumbra ofuscada pelos rápidos flashes de imagens, dos grandes clássicos do cinema mundial?
Não foram poucas as vezes em que o cinema esteve na iminência de sua última sessão nesses últimos anos. Mas Flavio nunca desistiu e contou com a ajuda de muita gente, do setor público, privado, dos amigos, da comunidade e de inúmeros anônimos, apaixonados pela sétima arte. Todos segundo palavras do próprio Flávio de uma forma ou de outra auxiliaram não só na recuperação do Cisne como na possibilidade de expansão da atividade que hoje deixa de ser um sonho e se torna realidade através do Mini Cisne.
Na inauguração do Cine Belvedere em 26 de fevereiro de 1972, na Zona Norte da Cidade, o Mini Cisne já era um sonho para o Sr. Hélio Panzenhagen e demais sócios da empresa Cine Missioneira Ltda. Sendo anunciado pelos principais meios de comunicação da cidade como “uma verdadeira jóia que Santo Ângelo ganhará”.
A idéia inicial era inaugurar a nova sala nas festividades do centenário da emancipação político-administrativa de Santo Ângelo, em 1973.
Hoje fazem quase quatro décadas do inicio desse “Sonho”. Um sonho que “O vento (quase) levou” devido aos “Tempos Modernos” do vídeo cassete e do Dvd. Mas o Cisne tornou-se um “Clube da Luta” intercalando momentos de “Guerra e paz”, e como a “Estrada da Vida” é cheia de surpresas, hoje se abre uma “Fenda no tempo” e através de uma “Corrente do bem” o “Último dos moicanos” realiza, como um legítimo “Pagador de promessas”, o que antes estava “A esperade um milagre”... Infelizmente hoje não se tem a presença do “Poderoso Chefão” daquele que tanto sonhou e lutou por esse projeto, mas que junto “A Cidade de Deus” assiste hoje a nossa “Terra em transe” ao tornar-se realidade um desejo de amor de um “Amor, sublime amor” à arte e a cultura, e que em justa homenagem leva seu nome.
A empresa Cine Missioneira Ltda. tem o orgulho de entregar a “Cidade dos Anjos” a sala de cinema Hélio Carlos Panzenhagen".
sexta-feira, 19 de março de 2010
137 anos de Emancipação Político- administrativa de Santo Ângelo
A cidade de Santo Ângelo está situada no noroeste do estado do rio Grande do Sul. O inicio da história da cidade está ligada com a fundação em 1707 da redução de San Angel Custódio, a última redução dos Sete Povos das Missões e que localizava-se no atual espaço que compreende a Praça Pinheiro Machado, Catedral Angelopolitana e arredores reconhecido hoje como o Sitio Arqueológico de Santo Ângelo Custódio, centro histórico do município.
San Angel Custódio foi fundada pelos jesuítas, à margem esquerda do rio Uruguai com o povo vindo do atual território da Argentina, da antiga redução de Conceição. Sob a coordenação do Pe. Jesuíta Antônio Sepp, primeiramente em 1706 a redução teria sido fundada na região do atual município de Entre-Ijuis, próximo ao entroncamento dos rios Ijui Grande e Ijuizinho sendo transferida no ano seguinte para a atual Praça Pinheiro Machado e imediações.
As reduções jesuíticas seguiam um plano urbanístico que variava em poucos detalhes entre uma e outra. O modelo padrão consistia em uma rua principal que dava acesso à Igreja que era o prédio mais importante de todo povoado. No centro ficava a praça onde ocorriam os desfiles militares, as encenações religiosas e as festas. Em torno da praça ficavam alinhados os blocos de casas dos índios de forma ordenada, o que permitia o crescimento planejado do povoado. Junto a Igreja ficavam os prédios utilizados pela comunidade. De um lado ficavam a casa dos padres, as oficinas e o colégio, todos com amplos espaços e grandes pátios internos. Do outro lado da igreja ficava o cemitério e o cotiguaçu (casa que abrigava os órfãos e as viúvas). Atrás da Igreja ficava a quinta dos padres onde eram cultivadas hortaliças e árvores frutíferas. Ainda, na periferia das reduções, encontravam-se fontes de água, olarias onde se fabricavam os tijolos de barro chamados adobe e as telhas que serviam para a construção das casas, além de curtumes, açudes, capelas, estâncias e ervais.
O povoado missioneiro de Santo Ângelo Custódio se caracterizava pela semelhança aos demais povoados jesuítico-guarani fundados na região do atual Brasil, Argentina e Paraguai, tendo, porém diferença em relação a localização da igreja, que tinha sua frente voltada para o sul. A moderna Santo Ângelo desenvolveu sua estrutura urbana respeitando o traçado da redução, a Praça Pinheiro Machado ocupa o espaço da antiga praça missioneira, a Catedral atual, moderna e que traz simbologias ligadas à história missioneira, foi construída a partir de 1929 no local da antiga igreja da redução, anterior a ela existiu ainda uma igreja menor construída nas últimas décadas do século XIX pelos primeiros colonizadores.
A História das Missões Jesuíticas no lado oriental do Rio Uruguai, tem seu desfecho com a Guerra Guaranítica em meados do século XVIII, como consequência do Tratado de Madri e a permuta de terras entre Espanha e Portugal. Após a Guerra, durante quase um século o antigo povoado ficou abandonado. O mato cresceu e tomou conta de tudo. Apenas no final da década de 1850 é que chegariam os primeiros moradores que, se utilizando da proposta urbanística e dos remanescentes arquitetônicos do povoado de Santo Ângelo Custódio, ergueriam aos poucos a cidade que conhecemos hoje.
Hemetério da Silveira, que esteve no local da antiga redução em 1859, relata que “o mato que crescera mal permitia avistar de longe, por entre as frondas das árvores, a parte superior do frontispício do antigo templo”. A ocupação do espaço da antiga redução ocorreu nesse mesmo ano de 1959 quando os Srs. Antônio Manoel de Oliveira e o Dr. Antônio Gomes Pinheiro Machado, juntamente com outros descendentes de portugueses que ganharam sesmarias na região, desmataram o local, expondo os remanescentes dos antigos edifícios da redução. Eles aproveitaram as estruturas das construções do velho povoado para erguer no entorno da antiga praça o novo vilarejo. Conforme Hemetério da Silveira em sua última visita à Vila de Santo Ângelo, em 1886, uma das antigas casas de indígenas era aproveitada por uma família pobre, as outras três das quatro que ele havia registrado em 1860, já haviam sido transformadas em casas novas.
A “Villa” Santo Ângelo foi criada pela a Lei Provincial nº 835 de 22 de março de 1873, separando a nova localidade do município de Cruz Alta. A política santo-angelense foi marcada pelo coronelismo característico do período republicano do Rio Grande do Sul até meados da década de 30. O município logo após sua criação abarcava o território das atuais cidades de São Luiz Gonzaga, Santa Rosa, São Miguel das Missões, além de outros municípios menores que se emanciparam posteriormente. A economia do período era essencialmente agrícola e pastoril com produção de lã, erva-mate, fumo, arroz, charque, banha, feijão, milho, farinha de mandioca e de milho, aguardente, couro e vinho.
Foi com a chegada dos quartéis, da luz elétrica, do telégrafo, da rede telefônica e a construção da ponte sobre o rio Ijui, nos primeiros anos do século que a cidade começou a se modernizar e se expandir. Nesse período ocorreu a chegada de novos colonos europeus que provocaram uma profunda mudança cultural e econômica, com ênfase para as pequenas propriedades agrícolas e uma grande explosão demográfica.
Mas foi a partir de 1921 que se desenvolveria a cidade para o lado norte, com a chegada do trem. A estrada de ferro marcaria um novo período histórico com a vinda de colonos alemães e o desenvolvimento do comércio e da industria, já que o trem possibilitava a exportação dos produtos. Destacaram-se nesse período industrias como a Sociedade de Banha Sul-rio-grandense Ltda; Sociedade Algodoeira Sul-rio-grandense Ltda. Comercial Braatz (ferragens em geral); Indústria de torrefação e moagem de café; moinho de Trigo entre outras.
O prédio da Estação Ferroviária, atual Memorial Coluna Prestes, foi construído por Gildo Castelarin, tendo como base um projeto arquitetônico realizado por uma Companhia Inglesa, sendo inaugurada em 16 de outubro de 1921. Além do desenvolvimento econômico do município o prédio representa um dos fatos mais importantes ocorridos a nível nacional durante a República Velha. Foi no interior do prédio que aconteceram as primeiras reuniões que levaram ao levante do 1º Batalhão Ferroviário, no movimento que ficou conhecido nacionalmente como Coluna Prestes, liderada pelo “Cavaleiro da Esperança”, Luis Carlos Prestes, que atuava na cidade como engenheiro. A marcha da coluna percorreu mais de 25000 Km Brasil adentro, denunciando o modelo coronelista, corrupto e injusto do governo da “república do café com leite”. Foi também da Estação Férrea que em 1930 partiram as forças revolucionárias da região, que levaram Getúlio Vargas à presidência da república.
A História de Santo Ângelo é riquíssima e possibilita acompanhar diferentes períodos históricos da formação do Brasil. Ao longo desses mais de 300 anos ela perpassa desde o período colonialista da catequese jesuítica ao período do governo imperial, da imigração européia ao coronelismo, da industrialização do país a participação em revoltas políticas. Esse passado permanece ainda hoje expresso nos locais de memória, nos achados arqueológicos, nas ruas da cidade, na arquitetura e principalmente na cultura e na identidade da comunidade santo-angelense.
Referências:
YUNES, Gilberto Sarkis. Santo Ângelo 1897: Povoação Inicial e Reconstituição do Traçado da Vila. 1994.
BRUXEL, Arnaldo. Os trinta povos Guaranis. Porto Alegre: EST/Nova Dimensão, 2ª ed. 1987.
Documentos do acervo do Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos.
sexta-feira, 12 de março de 2010
A Ponte sobre o Rio Ijuí

A ponte sobre o Rio Ijuí liga Santo Ângelo a Entre-Ijuís e às rodovias que dão acesso a demais localidades do estado. Parece-nos impossível imaginar que um dia ela não estava naquele lugar e que a travessia se dava por balsa ou por dentro d’água. A primeira ponte foi de madeira, construída no inicio do século passado e teve uma enorme importância para o desenvolvimento da cidade.
Esta importante ponte, que tem 224 metros de secção de vasão, dois encontros, seis pillares de alvenaria e sete apoios sobre estacada, corresponde à uma vital necessidade para a viação fácil e rápida entre os municípios de Cruz Alta, Santo ângelo, São Luiz e Palmeira, feracíssimos na producção agricola e cujos campos apropriam-se admiravelmente a creação vaccum, cavallar e muar.
O nosso eminente chefe dr. Borges de Medeiros, cuja actividade profícua e creadora está votada ao desenvolvimento material e moral do Rio Grande do Sul, como genuíno e acatado sucessor do inviolável extincto dr. Julio de Castilhos, promove incessantemente toda a sorte de melhoramentos para facilitar a vida e economica e industrial de nosso caro Estado.
O orgam republicano se regosija em registrar factos uteis que attestam a benemerencia da nossa administração e envia parabens aos conspícuos amigos general Firmino de Paula e coronel Bráulio Oliveira que tanto esforçaram-se para conseguir esse desideratum.
Brevemente daremos sobre esse mesmo assumpto uma noticia descriptiva da obra e a importancia total de seu orçamento".
O intendente termina o texto ressaltando que: “Felizmente começa a ser uma realidade o sonho dourado dos nossos antepassados!”.
terça-feira, 2 de março de 2010
Escola de Bordado
É impressionante a riqueza de detalhes do interior do imóvel, assim como a moda e os cortes de cabelo na década de 30. Porém, indo além da beleza das fotografias, e buscando reconstruir a partir delas o ambiente político-social do período histórico que representam, tais imagens permitem remontar o universo feminino nas primeiras décadas do séc. XX, quando as mulheres ainda não tinham conquistado grande parte dos direitos que possuem hoje e em sua maioria viviam para se dedicar ao casamento e às prendas domésticas.

Augusto Franke, professora Gasparina e auxiliares.Década de 1930

Alunas do curso de bordado.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
O Arroio Itaquarinchim: protagonista da História e do desenvolvimento de Santo Ângelo



Seria possível afirmar que a localização da cidade de Santo Ângelo no local em que se encontra nos dias atuais se deve a existência do Itaquarinchim. Santo Ângelo como sabemos, desenvolveu-se primeiramente como o último dos 30 povos missioneiros, sendo fundado no entorno da atual Praça Pinheiro Machado no ano de 1707. Para a fundação de um novo povoado, os padres jesuítas avaliavam diversos critérios que eram essenciais para a frutificação do projeto da Companhia de Jesus. Conforme o Pe. Antônio Sepp em seus escritos intitulados de “Viagem às Missões Jesuíticas e Trabalhos Apostólicos” entre os critérios estavam a qualidade da terra, a luminosidade, a altitude do local e é claro a fartura e a proximidade de águas para o abastecimento do povoado. Levando-se em consideração esse último item, certamente o Arroio Itaquarinchim localizado a algumas centenas de metros do local onde fora a Redução de Santo Ângelo Custódio, deve ter feito a diferença para a implantação do povoado.
Na obra “A Guerra Guaranítica: como os exércitos de Portugal e Espanha destruíram os Sete Povos dos jesuítas e índios guaranis no Rio Grande do Sul”, o historiador Tau Golin reproduz parte do Diário da Expedição e Demarcação da América Meridional e das Campanhas do Rio Uruguai, escritos por José Custódio de Sá e Faria quando das demarcações do Tratado de Madri em 1751. Nessa descrição quando relata a chegada do grupo de oficiais portugueses na Missão de Santo Ângelo, descreve brevemente a passagem pelo Itaquarinchim: “Andamos meia légua, caminho de norte; e, em meia marcha, passamos um arroio de água corrente, com palmo e ½ de alto, e 15 palmos de largo, no qual, para a parte de baixo, tinha uma pequena ponte de paus e tábuas já bastante arruinadas, por onde somente passaram todas as tropas a pé”.
Pela sua proximidade com o povoado o arroio certamente desenvolvia papel fundamental para a população local, tanto na captação de água utilizada nas casas, igreja e oficinas, assim como para bebedouro dos animais, além de ser uma referência geográfica de localização, aspecto importante para uma época desprovida dos meios tecnológicos que possuímos na atualidade.
Após a Guerra Guaranítica e a expulsão dos jesuítas, o processo de repovoamento se daria a partir da segunda metade do século XIX. A ocupação ocorre por descendentes de portugueses e famílias que reutilizam o espaço e os remanescentes arquitetônicos da antiga redução. Nesses primeiros momentos da construção da Vila, o Itaquarinchim servia como ponto de paragem para as tropas de muares, gado e outros animais domésticos. O clima quente de verão e o crescimento da população levariam a descoberta das belezas naturais do arroio como a cascata e sua utilidade para o lazer. Conforme depoimento do Sr. Armindo Braatz, antigo morador e empresário do município no que se refere ao lazer junto ao arroio nos conta o seguinte: “Prosseguindo em seu curso, depois de vencer algumas curvas e ter estreitado seu leito, apertado entre canhadas mais acentuadas, as águas do rio Itaquarinchim em maior velocidade vão despencar-se em formidável cascata, de aproximadamente 10 metros de altura, formando, para quem olha contra ao sol, um arco-íris multi-colorido. Era local muito aprazível, sempre visitado, aos domingos e dias feriados, por grande número de pessoas. Algumas colhendo pitangas e cerejas, outras fisgando algum peixe e crianças brincando a roda viva”.
A cascata do Itaquarinchim hoje localizada na zona urbana da cidade, estava dentro da porção de terras que pertencia ao coronel Bráulio de Oliveira, que foi intendente do município de 1900 à 1916. Na obra “O Rio Grande do Sul”, Alfredo R. da Costa fez um detalhado levantamento da infra-estrutura, recursos, geografia e história dos municípios do estado no ano de 1922. Em seus registros sobre a Santo Ângelo da época encontramos o seguinte trecho:
“O Coronel Bráulio possúe, também, uma linda cascata no arroio Itaquaranxim, situada a 1.000 metros distante da villa de Santo Ângelo. Junto à referida cascata, que poderá servir para exploração de qualquer industria, possúe o coronel Bráulio Oliveira um engenho para beneficiar arroz e moinho para milho movido a agua”.
As margens do Itaquarinchim deram lugar desde cedo as instalações de pequenas indústrias. Foi ao longo do arroio que corta a cidade que diferentes empreendimentos se desenvolveram e marcaram diferentes períodos do desenvolvimento econômico de Santo Ângelo. Em 06 de outubro de 1875, pouco mais de dois anos após a emancipação do município, já constava nos documentos da Câmara de Vereadores um pedido de instalação de um cortume, conforme documento do Acervo do Arquivo Histórico Municipal. No referido documento está expresso o seguinte: “Dis Antonio Manoel Ferreira que pretende estabellecer um cortume nos suburbios desta Villa, no lugar que s’acha dessolluto a margem direita do Arroio Ithaquaranxim estremando pelo lado do nascente com Saturnina de tal, e pelo lado do poente aonde de direito fôr, sem prejuiso de terceiros; e como não pode edificar o dito estabellecimento sem pedir a licença de NN.SSª vem por meio desta requerella”.
Em depoimento publicado no jornal A Tribuna Regional de 22 de março de 1997, o senhor Armindo Braatz cita diversas industrias que se desenvolveram ao longo do arroio. Entre elas a do Sr. Mathias José Vier que na década de 30 “construiu à margem direita do rio e à extrema esquerda da rua Tiradentes, um curtume para o fabrico de correias de couro”, acrescenta ainda em seu relato que no local estava instalado “um gigantesco gerador de energia elétrica que fornecia luz às casas dos operários”. Em artigo publicado no mesmo Jornal em 16 de fevereiro do mesmo ano, o senhor Braatz relatava a existência de uma fábrica de gelo de propriedade da família Frey, o gelo era produzido através de um desvio do arroio “que movia uma roda d’água. Esta, por sua vez, transmitia seus movimentos circulares a um conjunto de polias, cujas correias movimentavam as máquinas e equipamentos”. O gelo produzido em grandes barras abastecia a cidade numa época em que não existiam equipamentos elétricos para conservação de alimentos, remédios e outros produtos perecíveis. Nestes relatos o Sr. Braatz cita ainda desse período as seguintes indústrias: Sociedade de Banha Sul Riograndense Ltda, a Companhia Brasileira de Fumo em Folha, Moinho Santo-angelense Ltda e mais tarde, em 1940, a Sociedade Algodoeira Sul-Riograndense e o Curtume Basso. Descreve também empreendimentos mais recentes como a Cooperativa Tritícola de Santo Ângelo e a Fundimisa, que conforme seu entender assim como as demais indústrias se desenvolveram nas imediações do que ele chamava de “vale do rio Itaquarinchim”, já que a água era determinante para a produção das empresas.
Diversas destas empresas, assim como os momentos de lazer no entorno do Itaquarinchim, são hoje imagens de outras épocas, perdidas na memória e no tempo. Os documentos e relatos citados dizem de outros períodos históricos do arroio que é hoje um patrimônio natural local e apenas reafirmam a sua importância para Santo Ângelo. Algumas dessas histórias sobre o rio não são tão distantes, mas se tornaram difíceis de remontar na imaginação, principalmente para a população mais jovem devido às mudanças espaciais e geográficas promovidas pelos enormes e desmedidos avanços populacionais e tecnológicos das últimas décadas e que tem degradado a vida do mesmo. Mas o Itaquarinchim ainda resiste, e mesmo castigado pelos santo-angelenses, continua sendo para esses o que foi o Nilo para os egípcios.