segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal de 1919

Reunião em família. Década de 20. Familia Bittencourt.

Na edição do Jornal “A Semana” de 1º de janeiro de 1920, encontra-se o relato do “Natal dos Pobres”, promovido na tarde do dia 25/12/1919, por famílias da Vila de Santo Ângelo. Segue abaixo a transcrição (com a ortografia da época) de alguns trechos da reportagem:

“Conforme haviamos annunciado, realisou-se n’esta Villa, no dia 25 de dezembro findo, dia universalmente consagrado à família, a commovedora e attrahente festa das creanças pobres, que, como era de esperar, correu sempre animadíssima e por entre as mais vivas expressões de alegria.
(...)
A distribuição dos brinquedos, doces e roupas que se fez na melhor ordem, mediante cartões previamente distribuidos, teve começo às 16 horas, na Praça Pinheiro Machado, onde se achava levantado um bello caramanchão feito a capricho sob a competente direcção do sr. Major Tarquínio Oliveira.
(...)
A banda do Batalhão Ferroviário, gentilmente cedida pelo seu commandante, cap. Mário da Silveira Velloso, tocava de quando em vez alguns trechos de seu variado repertório.
Uma comissão de senhoras, senhoritas e cavalheiros procedia à distribuição dos brinquedos com uma regularidade e ordem bem difficeis de observar em festas d’esta natureza.
(...)
Às 21 horas realisou-se no salão do Biographo Ideal o annunciado concerto em beneficio das obras da Egreja e cujo programa, caprichosamente escolhido muito agradou a numerosa assistencia.
(...)
No intervalo da primeira para a segunda parte fez uso da palavra o nosso collega d’ “O Alfinete”, Almeida Bastos, que produziu uma breve e substanciosa oração, enaltecendo a grande obra da piedade humana para com os pobres e humildes e fazendo realçar a acção verdadeiramente apostolica da Sra. D. Nohemia Velloso que não duvida sacrificar o repouso do lar em beneficio dos pobresinhos.
As suas ultimas palavras foram justamente acolhidas com uma salva de palmas.
Não tendo habito de regatear louvores a quem os merece, ao encerrarmos essa noticia, seja-nos permittido felicitar a commisão promotora d’estas festas, composta da Exma. Sra. D. Nohemia Velloso, senhorita Julia Krüger, Cap. Mario Velloso, Major Tarquínio Oliveira, Apparicio Prado, pelo bom exito nos seus trabalhos, especialmente à Exma. D. Nohemia que com seus trabalhos e esforços, soube conquistar o justo titulo de alma bondosa e querida dos pobres que lhe beijam as mãos agradecidos”.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

As Cavalhadas

Cavalhada em 1903. Praça Pinheiro Machado.


A cavalhada é um folguedo de origem européia muito difundido no Brasil durante o período imperial. Baseia-se na teatralização da Batalha medieval do imperador Carlos Magno e os 12 pares da França contra os sarracenos.
O catolicismo exacerbado que movia o reino português, fez com que a família imperial motivasse o festejo como forma de reafirmar a vitória dos cristãos sobre os mouros. O folguedo teve grande difusão no Brasil, em estados e cidades com grande concentração de descendentes de portugueses. Sendo ainda uma tradição em cidades do centro e do nordeste do país.
O espetáculo consisitia em um grupo de 24 cavaleiros, 12 com vestimentas com detalhes em azul - representando os cristãos - e 12 com vestimentas vermelhas - representando os mouros. Os cavaleiros usavam espadas e lanças, tinham ainda personagens como o povo, representado por máscaras porta-estandartes dos dois exércitos, as embaixadas e a nobreza - geralmente representada pela rainha (homem vestido de mulher).
Em Santo Ângelo, a tradição das cavalhadas foi trazida pelos primeiros repovoadores de origem portuguesa e os registros fotograficos que dispomos retratam essas festividades nos primeiros anos do século XX. Com motivações religiosas, as encenações aconteciam na praça da Vila durante dias consecutivos, terminando sempre com a vitória dos cristãos sobre os mouros, com missa na Paróquia central para comemorar a vitória, além de grande baile no Clube Gaúcho.
A fotografia acima retrata a cavalhada ocorrida no ano de 1903, em comemoração ao 1º ano do aniversário do Clube Gaúcho, junto a Praça Pinheiro Machado.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Casa Comercial Augusto Franke




As fotos acima são do prédio da esquina da 25 de Julho com a Marechal Floriano no ano de 1929. O comércio de propriedade do Sr. Augusto Franke, possuia também uma bomba de combustível que abastecia os veículos da cidade e região.
O comércio estava localizado na divisa entre a cidade velha (chamada de Brasil, construida a partir do espaço da antiga redução e colonizada em sua maioria por descendentes de portugueses) e a nova cidade que começava a se desenvolver da rua 25 de julho em direção a Zona Norte (chamada popularmente de Alemanha, devido a colonização de descendentes e imigrantes desses paises).
Uma curiosidade era uma suástica que estava impressa na bomba de combustível e nos galões de gasolina e óleo vendidos pela loja comercial.
Atualmente o prédio dá lugar a uma lanchonete, na esquina do Calçadão da 25 de Julho, e apesar de bastante descaracterizado em suas aberturas, conserva ainda em suas platibandas os desenhos e a volumetria originais.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Monumento ao Índio Sepé Tiaraju

Projeto do Monumento que seria executada por Valentin Von Adamovich.


Monumento esculpido por Olindo Donadel, logo após sua inauguração na década de 60.


Na coleção fotográfica de Bruno Schmitd, junto ao Arquivo Histórico Municipal está a foto do projeto do "Monumento ao Índio Sepé Tiaraju". A obra foi desenhada por Léo Rockembach, durante a administração do prefeito Odão Felipe Pippi, e deveria ser construída pelo escultor Valentin Von Adamovich, em 1960.
O Monumento deveria ser erguido junto a Praça da Bandeira (atual espaço em frente ao Teatro Municipal Antônio Sepp), esculpido em pedra grês, medindo cerca de 6 metros de altura. Porém, a enfermidade de Adamovich não permitiu que o projeto fosse efetivado.
Junto ao Museu Municipal é possível encontrar a escultura um índio com uma lança nas mãos. A imagem inacabada era parte do projeto. A figura em tamanho natural transmite em sua feição um certo ar de sofrimento, ela transpõe a dor que fazia parte do cotidiano do artista naquele momento.
A morte de Adamovich em 1961 impediu que o artista realizasse mais essa obra. O Monumento ao Índio Sepé Tiaraju que encontramos hoje em frente ao Teatro Municipal Antônio Sepp, é outro projeto executado pelo artista santo-angelense Olindo Donadel.