quarta-feira, 24 de março de 2010

Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos completa 17 anos

Documentos do Acervo.

O Arquivo Histórico Augusto César Pereira dos Santos, foi criado pelo decreto nº 2.202 de 23/03/1993 e decretado como patrimônio histórico e cultural do município pela lei nº 2.792 de 04/11/2004, levando-se em conta a importância do seu acervo documental para a história político-administrativa de Santo Ângelo e região. O acervo do arquivo é de grande relevância para a pesquisa e o desenvolvimento cultural e intelectual não apenas para Santo Ângelo, mas para os demais municípios da região que no passado fizeram parte de nossa cidade do ponto de vista espacial e administrativo. Representa assim um patrimônio documental para toda a região noroeste do Rio Grande do Sul. Segue abaixo a relação de alguns dos docuemntos que fazem parte do acervo:

Hemeroteca:

O Arquivo Histórico Augusto César Pereira dos Santos possui em seu acervo várias coleções de jornais, tais como “A Semana”, fundado em 1919; jornal “O Missioneiro”, fundado em 1925; jornal “O Minuano” e jornal “O Debate” entre outros. Além das coleções completas dos jornais em circulação como A Tribuna Regional, Jornal das Missões e O Mensageiro.

Documentos:

Na seção documental, encontram-se materiais de relevante importância para a história do município e região, como é o caso do livro O Rio Grande do Sul, de autoria de Alfredo R. da costa, datado de 1922 que se constitui num dos livros mais utilizados para pesquisas e abrange um período da história as Santo Ângelo no qual os limites do município em questão eram a República da Argentina, ao norte; os municípios de Palmeira e Ijuí ao leste; Julho de Castilhos e Santiago do Boqueirão ao sul e São Luis das Missões a oeste. Há igualmente o “Álbum Ilustrado do Partido Republicano Castilhista, de 1934” – material este que se destaca por sua raridade e conteúdo histórico. Além destes materiais, encontram-se na seção documental do Arquivo Histórico, materiais como:

Livro de Marcas e Sinais – 1892/1896;
Livro de Lançamento de Impostos de registros e marcas de Santo Ângelo – 1889/ 1891;
Livros de Receitas sobre Indústria e Profissão – 1881 a 1882
Folhas de pagamento da Intendência – 1929;
Livros de Impostos – 1889;
Livros de recenseamento de 1926 do 1º, 2º, 3º, 4º e 5° distritos.
E outros documentos de importância histórica e que datam de 1873 até 1984.

Biblioteca:

O acervo da biblioteca encontra-se dividido em seções de livros de História Geral, História do Brasil, História Regional e História do Município e região. Há obras de expressiva importância cultural cujas edições já se encontram esgotadas, como é o caso do título “Inocência”, de Visconde de Taunay, datado de 1900; “Os trinta Povos Guarani”, de Arnaldo Bruxel, de 1940; “Generalidades das Missões Jesuíticas”, de Bazilisso Leite, “Cronologia da História Rio-Grandense”, de 1916, obras em língua alemã que pertenceram a Valentin Von Adamovich entre outros. Além de obras recentes sobre a história local e regional.

Fototeca:

Na seção de fotografias, podem ser encontradas imagens de diversas épocas, como por exemplo, fotos das décadas de 1920, 1930 e anos posteriores. As temáticas são variadas: imagens da Catedral Angelopolitana, das Ruínas de São Miguel, das praças, dos prédios de maior vulto, da Estação Férrea e Memorial Coluna Prestes, de famílias tradicionais do município de Santo Ângelo, do Hospital Gatz, hoje demolido; registros fotográficos da ocasião em que nevou em Santo Ângelo no ano de 1965 entre tantas outras imagens.
Há também um acervo particular do Se.º Bruno Sshmidt com mais de 2.000 fotografias que foram doadas ao Arquivo Histórico e que estão aguardando classificação.

Mapoteca:

Nesta seção podem ser encontrados mapas de diferentes épocas e até de séculos anteriores de alguns países, como por exemplo um mapa da África editado em Paris; do Brasil; dos Estados; dos municípios da região; do município, bem como mapas hidrográficos de Santo Ângelo, São João Batista e São Miguel. Além dos mapas de divisões das linhas, que demarcavam a distribuição de terras aos imigrantes alemães na região.
As plantas também estão inseridas nessa seção e se dividem em: plantas dos países, como o “Plano del território de Missiones” (Posadas, 1936); Estados; cidades (Cidade de Passo Fundo, 1922); Municípios (Planta da vila de Santo Ângelo, 1897) e plantas dos distritos.
O Arquivo Histórico funciona junto à Secretaria Municipal de Cultura, no Centro Municipal de Cultura na Rua Três de Outubro, nº 800. E está aberto a todos os pesquisadores, professores, alunos e comunidade em geral. Visitas com trabalho de educação patrimonial e explanação sobre a História do Municipio podem ser agendadas pelo telefone: 55 3313 6321.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cine Cisne: 52 anos de atividade

Movimentação em Frente ao Cine Cisne em 22/03/1958 - data de sua inauguração.

Junto com o aniversário da cidade, o Cinema Cisne também aniversaria e marca nesse ano 52 anos de atividade. Esse importante empreendimento cultural que resiste ao longo do tempo é parte da vida cultural da cidade. Escrevi o texto abaixo no ano passado para a inauguração da nova sala de cinema, o popular "Mini Cisne". O texto foi utilizado pelos colegas Leoveral Soares e Fábio Petry, que junto com fotos e imagens, fizeram um belo vídeo, exibido no ato de inauguração e que homegeou a família Panzenhagen pela luta constante em favor da sétima arte em Santo Ângelo.

"A história do cinema na cidade e região se confunde com a história da família Panzenhagen. Sob a influência de seu filho Hélio, um apaixonado pela sétima arte, e um assíduo freqüentador do cinema, é que o senhor Carlos Panzenhagen assume ainda na década de 40 a sociedade do antigo Cinema Municipal, que hoje infelizmente não existe mais. A partir desse momento o grupo de sócios foi aumentando ao longo do tempo e novas casas foram surgindo com a construção do Cine Cisne em Santo Ângelo, do Cine Lux em São Luiz Gonzaga , o cine Apollo de Giruá e do Cine Belvedere na zona norte de nossa cidade. Foram momentos áureos da arte cinematográfica em nossa cidade e região, assim como em todo o mundo o cinema foi o protagonista de muitas histórias e também parte da história de muitas pessoas. No final dos anos 70 as diversas mudanças na conjuntura socioeconômica do planeta provocaram dificuldades na manutenção das atividades desses espaços de arte.
Foi em 22 de março de 1958, exatamente 51 anos atrás que ocorreu a inauguração do Cinema Cisne através de seus sócios proprietários Marcelo Mioso, Hélio Carlos Panzenhagen e Fiorindo Fantinelli. O cinema era na época um moderno espaço voltado para a sétima arte, referência em nossa cidade, região e estado.
Muitos capítulos viriam a se desenrolar na história do cinema Cisne. Uma história de garra, persistência e muita luta. Como todo grande filme repleto de emoção, altos e baixos o enredo da história da família Panzenhagen e sua luta para manter viva a sétima arte em Santo Ângelo pode ser estampada através das manchetes dos jornais locais. Em 1987, quando Flávio Panzenhagen assume a administração do cine Cisne juntamente com seu pai Hélio, o movimento do cinema já não era mais aquele de outras épocas e o grande número de sócios insatifeitos com a empresa anunciavam a possibilidade do cinema fechar as portas para fugir das dívidas. Porém aos poucos, pai e filho unidos enfrentaram as dificuldades e mantiveram o cinema em atividade ao longo desses 51 anos.
Ainda hoje o Cisne ostenta o título de “maior tela do Rio Grande do Sul” e guarda dentro de suas paredes, em sua tela, em cada poltrona, inúmeras histórias.
Ao longo desse mais de meio século, acalentou sonhos de mocinhas enamoradas pelos galãs holliwodianos, a agitação da gurizada nas batalhas do velho oeste, no riso que ecoava pelo gigantesco espaço quando Chaplin ou Mazzaropi aprontavam das suas. Que menino não desejou ser um Tarzan, um Batman, um Superman, um Homem Aranha? E qual deles não se sentiu realizado por alguns minutos em frente à tela do Cisne? Quantos casais apaixonados não namoraram nessas poltronas ao som, e na penumbra ofuscada pelos rápidos flashes de imagens, dos grandes clássicos do cinema mundial?
Não foram poucas as vezes em que o cinema esteve na iminência de sua última sessão nesses últimos anos. Mas Flavio nunca desistiu e contou com a ajuda de muita gente, do setor público, privado, dos amigos, da comunidade e de inúmeros anônimos, apaixonados pela sétima arte. Todos segundo palavras do próprio Flávio de uma forma ou de outra auxiliaram não só na recuperação do Cisne como na possibilidade de expansão da atividade que hoje deixa de ser um sonho e se torna realidade através do Mini Cisne.
Na inauguração do Cine Belvedere em 26 de fevereiro de 1972, na Zona Norte da Cidade, o Mini Cisne já era um sonho para o Sr. Hélio Panzenhagen e demais sócios da empresa Cine Missioneira Ltda. Sendo anunciado pelos principais meios de comunicação da cidade como “uma verdadeira jóia que Santo Ângelo ganhará”.
A idéia inicial era inaugurar a nova sala nas festividades do centenário da emancipação político-administrativa de Santo Ângelo, em 1973.
Uma coisa podemos afirmar com certeza... que a história do Cisne se confunde com a história da vida de milhares de santo-angelenses... Ele é referência, ponto de encontro... é impossível imaginar a movimentada Marquês sem o Cisne. O cinema tornou-se uma propriedade não só de uma pessoa, de uma família, mas de inúmeros Marcelos, Domingos, Maristelas, Fiorindos, Hélios e Flávios... Hoje um dos pontos turísticos de nossa cidade, mas já há muito tempo um caso de amor de todos aqueles que tiveram momentos inesquecíveis em seu interior... Cinema Cisne é um caso de amor com Santo Ângelo... O amor de gerações que estrapolou os limites de uma família e se disseminou pelos corações de homens, mulheres, jovens e crianças de toda uma cidade.

Hoje fazem quase quatro décadas do inicio desse “Sonho”. Um sonho que “O vento (quase) levou” devido aos “Tempos Modernos” do vídeo cassete e do Dvd. Mas o Cisne tornou-se um “Clube da Luta” intercalando momentos de “Guerra e paz”, e como a “Estrada da Vida” é cheia de surpresas, hoje se abre uma “Fenda no tempo” e através de uma “Corrente do bem” o “Último dos moicanos” realiza, como um legítimo “Pagador de promessas”, o que antes estava “A esperade um milagre”... Infelizmente hoje não se tem a presença do “Poderoso Chefão” daquele que tanto sonhou e lutou por esse projeto, mas que junto “A Cidade de Deus” assiste hoje a nossa “Terra em transe” ao tornar-se realidade um desejo de amor de um “Amor, sublime amor” à arte e a cultura, e que em justa homenagem leva seu nome.

A empresa Cine Missioneira Ltda. tem o orgulho de entregar a “Cidade dos Anjos” a sala de cinema Hélio Carlos Panzenhagen".

sexta-feira, 19 de março de 2010

137 anos de Emancipação Político- administrativa de Santo Ângelo

Vista aérea da cidade - Sudoeste a Nordeste na década de 1960.

A cidade de Santo Ângelo está situada no noroeste do estado do rio Grande do Sul. O inicio da história da cidade está ligada com a fundação em 1707 da redução de San Angel Custódio, a última redução dos Sete Povos das Missões e que localizava-se no atual espaço que compreende a Praça Pinheiro Machado, Catedral Angelopolitana e arredores reconhecido hoje como o Sitio Arqueológico de Santo Ângelo Custódio, centro histórico do município.
San Angel Custódio foi fundada pelos jesuítas, à margem esquerda do rio Uruguai com o povo vindo do atual território da Argentina, da antiga redução de Conceição. Sob a coordenação do Pe. Jesuíta Antônio Sepp, primeiramente em 1706 a redução teria sido fundada na região do atual município de Entre-Ijuis, próximo ao entroncamento dos rios Ijui Grande e Ijuizinho sendo transferida no ano seguinte para a atual Praça Pinheiro Machado e imediações.
As reduções jesuíticas seguiam um plano urbanístico que variava em poucos detalhes entre uma e outra. O modelo padrão consistia em uma rua principal que dava acesso à Igreja que era o prédio mais importante de todo povoado. No centro ficava a praça onde ocorriam os desfiles militares, as encenações religiosas e as festas. Em torno da praça ficavam alinhados os blocos de casas dos índios de forma ordenada, o que permitia o crescimento planejado do povoado. Junto a Igreja ficavam os prédios utilizados pela comunidade. De um lado ficavam a casa dos padres, as oficinas e o colégio, todos com amplos espaços e grandes pátios internos. Do outro lado da igreja ficava o cemitério e o cotiguaçu (casa que abrigava os órfãos e as viúvas). Atrás da Igreja ficava a quinta dos padres onde eram cultivadas hortaliças e árvores frutíferas. Ainda, na periferia das reduções, encontravam-se fontes de água, olarias onde se fabricavam os tijolos de barro chamados adobe e as telhas que serviam para a construção das casas, além de curtumes, açudes, capelas, estâncias e ervais.
O povoado missioneiro de Santo Ângelo Custódio se caracterizava pela semelhança aos demais povoados jesuítico-guarani fundados na região do atual Brasil, Argentina e Paraguai, tendo, porém diferença em relação a localização da igreja, que tinha sua frente voltada para o sul. A moderna Santo Ângelo desenvolveu sua estrutura urbana respeitando o traçado da redução, a Praça Pinheiro Machado ocupa o espaço da antiga praça missioneira, a Catedral atual, moderna e que traz simbologias ligadas à história missioneira, foi construída a partir de 1929 no local da antiga igreja da redução, anterior a ela existiu ainda uma igreja menor construída nas últimas décadas do século XIX pelos primeiros colonizadores.
A História das Missões Jesuíticas no lado oriental do Rio Uruguai, tem seu desfecho com a Guerra Guaranítica em meados do século XVIII, como consequência do Tratado de Madri e a permuta de terras entre Espanha e Portugal. Após a Guerra, durante quase um século o antigo povoado ficou abandonado. O mato cresceu e tomou conta de tudo. Apenas no final da década de 1850 é que chegariam os primeiros moradores que, se utilizando da proposta urbanística e dos remanescentes arquitetônicos do povoado de Santo Ângelo Custódio, ergueriam aos poucos a cidade que conhecemos hoje.
Hemetério da Silveira, que esteve no local da antiga redução em 1859, relata que “o mato que crescera mal permitia avistar de longe, por entre as frondas das árvores, a parte superior do frontispício do antigo templo”. A ocupação do espaço da antiga redução ocorreu nesse mesmo ano de 1959 quando os Srs. Antônio Manoel de Oliveira e o Dr. Antônio Gomes Pinheiro Machado, juntamente com outros descendentes de portugueses que ganharam sesmarias na região, desmataram o local, expondo os remanescentes dos antigos edifícios da redução. Eles aproveitaram as estruturas das construções do velho povoado para erguer no entorno da antiga praça o novo vilarejo. Conforme Hemetério da Silveira em sua última visita à Vila de Santo Ângelo, em 1886, uma das antigas casas de indígenas era aproveitada por uma família pobre, as outras três das quatro que ele havia registrado em 1860, já haviam sido transformadas em casas novas.
A “Villa” Santo Ângelo foi criada pela a Lei Provincial nº 835 de 22 de março de 1873, separando a nova localidade do município de Cruz Alta. A política santo-angelense foi marcada pelo coronelismo característico do período republicano do Rio Grande do Sul até meados da década de 30. O município logo após sua criação abarcava o território das atuais cidades de São Luiz Gonzaga, Santa Rosa, São Miguel das Missões, além de outros municípios menores que se emanciparam posteriormente. A economia do período era essencialmente agrícola e pastoril com produção de lã, erva-mate, fumo, arroz, charque, banha, feijão, milho, farinha de mandioca e de milho, aguardente, couro e vinho.
Foi com a chegada dos quartéis, da luz elétrica, do telégrafo, da rede telefônica e a construção da ponte sobre o rio Ijui, nos primeiros anos do século que a cidade começou a se modernizar e se expandir. Nesse período ocorreu a chegada de novos colonos europeus que provocaram uma profunda mudança cultural e econômica, com ênfase para as pequenas propriedades agrícolas e uma grande explosão demográfica.
Mas foi a partir de 1921 que se desenvolveria a cidade para o lado norte, com a chegada do trem. A estrada de ferro marcaria um novo período histórico com a vinda de colonos alemães e o desenvolvimento do comércio e da industria, já que o trem possibilitava a exportação dos produtos. Destacaram-se nesse período industrias como a Sociedade de Banha Sul-rio-grandense Ltda; Sociedade Algodoeira Sul-rio-grandense Ltda. Comercial Braatz (ferragens em geral); Indústria de torrefação e moagem de café; moinho de Trigo entre outras.
O prédio da Estação Ferroviária, atual Memorial Coluna Prestes, foi construído por Gildo Castelarin, tendo como base um projeto arquitetônico realizado por uma Companhia Inglesa, sendo inaugurada em 16 de outubro de 1921. Além do desenvolvimento econômico do município o prédio representa um dos fatos mais importantes ocorridos a nível nacional durante a República Velha. Foi no interior do prédio que aconteceram as primeiras reuniões que levaram ao levante do 1º Batalhão Ferroviário, no movimento que ficou conhecido nacionalmente como Coluna Prestes, liderada pelo “Cavaleiro da Esperança”, Luis Carlos Prestes, que atuava na cidade como engenheiro. A marcha da coluna percorreu mais de 25000 Km Brasil adentro, denunciando o modelo coronelista, corrupto e injusto do governo da “república do café com leite”. Foi também da Estação Férrea que em 1930 partiram as forças revolucionárias da região, que levaram Getúlio Vargas à presidência da república.
A História de Santo Ângelo é riquíssima e possibilita acompanhar diferentes períodos históricos da formação do Brasil. Ao longo desses mais de 300 anos ela perpassa desde o período colonialista da catequese jesuítica ao período do governo imperial, da imigração européia ao coronelismo, da industrialização do país a participação em revoltas políticas. Esse passado permanece ainda hoje expresso nos locais de memória, nos achados arqueológicos, nas ruas da cidade, na arquitetura e principalmente na cultura e na identidade da comunidade santo-angelense.

Referências:
YUNES, Gilberto Sarkis. Santo Ângelo 1897: Povoação Inicial e Reconstituição do Traçado da Vila. 1994.
BRUXEL, Arnaldo. Os trinta povos Guaranis. Porto Alegre: EST/Nova Dimensão, 2ª ed. 1987.
Documentos do acervo do Arquivo Histórico Municipal Augusto César Pereira dos Santos.
*Texto publicado originalmente no site: www.cantomissioneiro.com.br

sexta-feira, 12 de março de 2010

A Ponte sobre o Rio Ijuí

Na foto acima é possível observar a ponte do Rio Ijuí em madeira e a estrada que dava acesso a mesma em 1922.


A ponte sobre o Rio Ijuí liga Santo Ângelo a Entre-Ijuís e às rodovias que dão acesso a demais localidades do estado. Parece-nos impossível imaginar que um dia ela não estava naquele lugar e que a travessia se dava por balsa ou por dentro d’água. A primeira ponte foi de madeira, construída no inicio do século passado e teve uma enorme importância para o desenvolvimento da cidade.

Em uma das mensagens apresentadas pelo intendente Coronel Braulio de Oliveira, ao Conselho Municipal de Santo Ângelo no ano de 1904 ele transcreve um documento do governo do estado no que se refere a construção da primeira ponte de madeira sobre o Rio Ijuí Grande. O relatório diz o seguinte:


Por ordem do illustre dr. Parobé, digno secretario de obras publicas foi autorisado o diretor da Colônia Ijuhy, nosso amigo dr. Augusto Pestana, a mandar cortar a madeira e fazer transportal-a para o local da obra, para a ponte de rodagem que vae construir-se no passo geral sobre o Ijuhy Grande, seis kilometros distante da prospera villa de Santo Ângelo, em Missões.

Esta importante ponte, que tem 224 metros de secção de vasão, dois encontros, seis pillares de alvenaria e sete apoios sobre estacada, corresponde à uma vital necessidade para a viação fácil e rápida entre os municípios de Cruz Alta, Santo ângelo, São Luiz e Palmeira, feracíssimos na producção agricola e cujos campos apropriam-se admiravelmente a creação vaccum, cavallar e muar.

O nosso eminente chefe dr. Borges de Medeiros, cuja actividade profícua e creadora está votada ao desenvolvimento material e moral do Rio Grande do Sul, como genuíno e acatado sucessor do inviolável extincto dr. Julio de Castilhos, promove incessantemente toda a sorte de melhoramentos para facilitar a vida e economica e industrial de nosso caro Estado.

O orgam republicano se regosija em registrar factos uteis que attestam a benemerencia da nossa administração e envia parabens aos conspícuos amigos general Firmino de Paula e coronel Bráulio Oliveira que tanto esforçaram-se para conseguir esse desideratum.

Brevemente daremos sobre esse mesmo assumpto uma noticia descriptiva da obra e a importancia total de seu orçamento".


O intendente termina o texto ressaltando que: “Felizmente começa a ser uma realidade o sonho dourado dos nossos antepassados!”.

terça-feira, 2 de março de 2010

Escola de Bordado

As fotos abaixo também fazem parte da coleção de Augusto Bier. São imagens do interior da Casa Franke, que se localizava no prédio da esquina das Ruas Marechal Floriano e 25 de Julho. Além do comércio em geral e da revenda de carros e de gasolina, o senhor Franke realizava negócios com máquinas de costura e bordado com foco no público feminino da cidade. Conforme as palavras do Sr. Elemar De La Rue: "Também havia lá uma agência bem equipada e sortida das máquinas de costura e bordado da marca Mundlos, alemã, com bem montada escola de bordados, cuja professora era a Gasparina".
É impressionante a riqueza de detalhes do interior do imóvel, assim como a moda e os cortes de cabelo na década de 30. Porém, indo além da beleza das fotografias, e buscando reconstruir a partir delas o ambiente político-social do período histórico que representam, tais imagens permitem remontar o universo feminino nas primeiras décadas do séc. XX, quando as mulheres ainda não tinham conquistado grande parte dos direitos que possuem hoje e em sua maioria viviam para se dedicar ao casamento e às prendas domésticas.

Augusto Franke, professora Gasparina e auxiliares.Década de 1930


Alunas do curso de bordado.