terça-feira, 6 de abril de 2010

Um olhar sensível sobre o passado



A foto acima expressa uma cena cotidiana de um dia qualquer do ano de 1949. Na fotografia temos uma imagem da Av. Marechal Floriano, na altura do Hotel Brasil. Em direção ao sul vemos os prédios que compõe o panorama arquitetônico entre a Travessa Mauá e a Rua 25 de Julho, com suas formas geométricas e linhas horizontais. Nos dias atuais, depois de inúmeras alterações, esses imóveis perderam grande parte dos seus traços de origem, porém se olharmos para o alto ao passarmos por ali, ainda percebemos detalhes que resistem ao tempo e guardam na sua materialidade um reflexo de dias, fatos e costumes do passado.
Essa visão sobre o cotidiano exige daquele que olha consciência de si no mundo enquanto sujeito histórico. A fotografia "congela" em imagem uma cena comum do cotidiano, mas que guarda para a posteridade um "modo de vida" específico daquele período que ela representa. Na dinamicidade da vida humana em suas relações sociais a transformação é constante, e o que é hoje amanhã não será mais, ou será de formas diferentes.
Olhar para uma imagem do passado e sorver toda a possibilidade de identificar as mudanças e permanências, diferentes tempos e espaços, aguça a consciência crítica, a valorização do patrimônio e o reconheciemnto do sujeito enquanto cidadão que pertence a uma comunidade. Para isso, é preciso olhar para o passado com sensibilidade.
"As sensibilidades se apresentam, portanto, como operações imaginárias de sentido e de representação do mundo, que conseguem tornar presente uma ausência e produzir, pela força do pensamento, uma experiência sensível do acontecido. O sentimento faz perdurar a sensação e reproduz esta interação com a realidade. A força da imaginação, em sua capacidade tanto mimética quanto criativa, está presente no processo de tradução da esperança humana". (Sandra Pesavento)